terça-feira, 2 de agosto de 2011

ESTÁ ANSIOSO? VAI ORAR.



“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Filipenses 4: 6-7).


                A maioria das pessoas experimenta ou já experimentou ansiedade em algum momento de sua vida, assim como o nervosismo, ao antecipar uma situação da sua vida real, embora isto seja considerado normal. Porém, se a pessoa não consegue se livrar de preocupações que se tornam indesejáveis, ou se as sensações de ansiedade chegam ao ponto de atrapalhar as atividades cotidianas, ela está sofrendo de transtorno de ansiedade generalizada.
                Entre os sintomas desse transtorno estão; preocupação exagerada, tensão emocional, irritabilidade, pressão alta, entre outros. Embora algumas pessoas não percebam que estão ansiosas, isto  poderá se agravar, tornando um Transtorno Obsessivo Compulsivo.
                Estamos vivendo momentos de grandes conflitos, sejam sociais, familiares e/ou profissionais, assim como, uma corrida desenfreada ao consumismo, ao ativismo, trazendo insegurança, medo de perdas econômicas, o que também, leva à inversão de valores, dando muita importância ao “TER” em detrimento do “SER”. Tudo isto são apenas alguns exemplos do que vem acontecendo no presente século e prejudicando cada vez mais a saúde da humanidade.
                Aqueles que se envolvem no ativismo exagerado, não conseguem administrar o tempo, quando se refere ao tempo “χρονος”– “chronos”(palavra grega significando o tempo dos relógios, o tempo cronológico, o tempo que é mensurável). É este tempo que leva o ser humano ao “stress”, tornando-o escravo (do chronos”) e condenando-o a viver “enclausurado no cárcere de suas emoções e tensões”.
                O nosso organismo não é uma máquina que pode ser controlada pelo tempo chronos”, mas sim, pelo tempo “καιρος” – “kairos”, que é o tempo em relação aos valores sociofamiliares, à qualidade de vida, ao tempo dispensado à família, aos amigos, ao lazer e, principalmente, aos momentos especiais com Deus, colocando–se diante dEle com orações, petições e súplica com ações de graça, buscando um equilíbrio físico, emocional e espiritual, estruturas que precisam estar em harmonia, para que o ser humano possa ser o gestor de suas próprias emoções, da sua qualidade de vida.
                Se alguém se enquadrar em algumas dessas situações, o seu tempo está sendo mensurado pelo chronos”, e o seu organismo que não é uma máquina, passará por um processo de descompensação e entrará em colapso e/ou depressão, sendo mais um com propensão ao “Transtorno Obsessivo Compulsivo” (TOC). Separe um tempo KAIROS, para se dedicar à Deus, à sua família, ao lazer, aos amigos.
                Nosso corpo precisa de alimento material todos os dias, para se fortalecer, assim também o nosso espírito precisa do alimento espiritual todos os dias. Por isso, troque o seu tempochronos”pelo kairos”e mantenha-se estruturado tendo uma melhor qualidade de vida, e será como uma “árvore plantada junto a corrente de águas,que, no devido tempo, dá o seu fruto,e cuja folhagem não murcha;e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1:3).
1ª Pedro 5:7.
Alinor Ferreira de Almeida

O Deus grande das pequenas coisas


            Gastei vários anos de minha vida pensando que Deus queria que eu fizesse grandes coisas. Eu fazia as pequenas coisas também, mas tendo em vista que chegaria o dia em que faria grandes coisas.
                Queria ser uma grande mulher usada por Deus como as mulheres da Bíblia, como as mulheres dos grandes missionários. Era isso que eu queria. No entanto, passei meus primeiros anos de ministério limpando bumbuns (3 filhos menores de dois anos), trocando fraudas, preocupada com o que fazer para alimentar bem a minha família. E a roupa suja que nunca acabava? E a casa que nunca se mantinha limpa? E os crentes que tinham que ser consolados, ouvidos, animados e doutrinados? Eu só tinha tempo para clamar a Deus, cuidar dos meus filhos e um pouco da casa. Não dava para trabalhar fora. Mas tudo bem, um dia eu seria uma grande mulher.
                Mas depois de 10 anos de ministério, descobri que não havia feito nenhuma grande obra. Nada que merecesse uma menção honrosa, nenhum prêmio, nada... Eu continuava sendo uma pessoa comum.
                Veja bem as coisas, as pequenas coisas que eu fazia: hospedava muita gente e recebia outros para refeições, visitava pessoas enfermas, orava e intercedia pelas pessoas e por motivos que não compreendia, dava aula para crianças e para casais na Escola Dominical, reservava um tempo com Deus, orava com e pelos meus filhos, aconselhava o pastor, meu marido, era sua amiga inseparável apoiando seu ministério. Preocupava-me pelo futuro dos meus filhos, buscava ser uma boa mãe, compreensiva, acolhedora, disciplinar sem ira, responsável e dar bom testemunho. Buscava ser uma boa esposa, não envergonhar meu marido, respeitá-lo, amá-lo, cuidá-lo. Orava pelos meus vizinhos, amigos e família. Buscava mostrar misericórdia, ser amorosa e ética. Tudo coisa comum, que todas nós fazemos. Nada que me convertesse em famosa. Ah, houve um tempo em que queria ser escritora. Escrever livros que arrancassem lágrimas das pessoas e que as ajudassem ver quão grande pessoa era eu.
                Depois de 25 anos de ministério há algumas coisas que, de tanto Deus repetir, acabei aprendendo:
- As pequenas coisas são o nosso dia a dia;
- As pequenas coisas são mais difíceis de se ver e, por isso, mais difíceis de serem feitas cotidianamente;
- As pequenas coisas são mais difíceis de serem reconhecidas e aplaudidas;
- As pequenas coisas exigem disciplina e continuidade;
- As pequenas coisas exigem anonimato.
                Mas as pequenas coisas são coisas que transformam vidas, são o toque do amor de Deus na vida das pessoas. Tenho aprendido através do evangelho a dar importância aos pequenos atos de amor que o Senhor quer que manifestemos dia a dia: "pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram" (Mt 25.35-36). Jesus neste texto fala das pequenas coisas cruciais para um ser humano manter-se vivo: alimento, água, casa, abrigo, roupas, hospedagem, cuidados, companhia e aceitação. Jesus falou dessas necessidades porque ele as sentiu na pele e se identifica com os necessitados. Por isso, a pergunta e o assombro dos justos: "Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?" (Mt 25.37-39). Jesus surpreende seus interlocutores se pondo no lugar dessas pessoas que recebem os pequenos atos de amor, as pequenas coisas: "O que vocês fizerem a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram" (Mt 25.40).
                Você também se sente como eu que só faz pequenas coisas? Na verdade, o Deus criador de todo o universo se preocupa com os pequenos e cotidianos atos de cuidados e amor. Portanto, para fazer pequenas coisas temos que nos sentir pequenas mulheres, porque necessitamos de humildade e perseverança para fazer pequenas coisas. E isso para Deus é grande, porque são atos prestados diretamente a pessoa de Jesus.

Rosa Maria de Oliveira del Pino
Missionária da APMT  em Torrelodones - Espanha
Esposa do Rev. Carlos del Pino - E-mail: revdelpino@gmail.com

Fonte: http://www.apmt.org.br/

SERVIR É O NOSSO SERVIÇO...

“[...] e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos, pois, o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc. 10:42-45).


            Nesta pastoral, estudaremos a última seção dos mandamentos recíprocos, que trata dos imperativos divinos para o serviço cristão, a saber (dentre outros): “sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13); “levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2); “sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração.Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.7-10); “sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Ef 4.32); “Orem uns pelos outros” (Tg 5.16).
            A Bíblia não economiza exortações e admoestações quanto ao serviço cristão. Ser servos uns dos outros é um dos maiores privilégios da graça salvadora de Cristo para os verdadeiros crentes. Somos servos e o nosso principal serviço é servir!
            Na realidade a missão da Igreja no mundo é ser como Cristo em tudo. Jesus foi o primeiro missionário e toda a nossa missão emanadEle. Esta é a maravilhosa verdade da encarnação. Deus se fez homem! “O Verbo se fez carne habitou entre nós”.
            Jesus não cumpriu a sua missão de longe, Ele se encarnou, se identificou com os homens e viveu como homem, no meio dos homens e é assim que ele nos envia. Enviados por Ele somos também homens no meio dos homens.
            Assim sendo, se a Igreja quer levar às últimas consequências o exemplo de Cristo na encarnação, tem que pregar e viver uma mensagem pertinente, absolutamente comprometida com a Bíblia e, nesse sentido, cumprir o seu papel de ser uma comunidade de homens no meio dos homens é uma questão de entrega e serviço (Mc. 10:42-45).
            O amor de Deus não se conhece somente na encarnação de Cristo, em sua vinda para morar entre os homens. “O caminho da exaltação que dá a Cristo o domínio final, passa pela humilhação e pelo sacrifício da cruz”. Há um caminho semelhante para o discípulo de Cristo, para o enviado de Cristo (1Jo 3: 16-18).
            A entrega e o serviço têm, quase sempre, um caráter sacrificial. Não se trata de esperar que nos sobre para dar ou para servir. Trata-se de dar a própria vida, aquilo que é parte de nós. “Gastar-se” em linguagem paulina (2Co 12:15).
            Este caráter sacrificial do serviço é parte da maturidade espiritual que devemos aspirar. O serviço cristão não é optativo, não é algo que podemos fazer se quisermos. É a marca da nova vida. Se somos de Cristo, temos que ter o espírito de serviço de Cristo, não há em nós mais espaço para o egoísmo. Nossa nova atitude é a evidência da nossa experiência espiritual. “Creio no que vivo e vivo o que creio”!
            A vida nova com Cristo significa uma atitude nova diante de Deus e do próximo, uma nova maneira de ver as pessoas e as coisas. O novo homem em Cristo Jesus, não é mais “lobo do homem”, egoísta e interessado em sua própria felicidade, seu próprio bem-estar, sua própria “salvação”.
            Como servos de Cristo, temos que nos aprofundar mais na dimensão total da mudança que Ele operou em nós. Nosso evangelho será falso se após o encontro com Cristo (a conversão), nossa vida não for caracterizada pelo espírito de serviço e de sacrifício.
            Ser servo uns dos outros, exige abnegação, humildade, coragem, desprendimento, altruísmo, voluntariedade, e, muitas vezes, abrir mão das conveniências pessoais e circunstanciais, em função das necessidades do outro (irmão/próximo).
            Na cruz, Cristo carregou a carga mais pesada do mundo, a carga dos pecados de toda a humanidade e, na plenitude dos tempos, ainda estende a todos o Seu convite: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei".
            Segundo o apóstolo Paulo, como servos de Cristo, temos que agir como Ele e “levar as cargas uns dos outros”. Na visão de Lutero, os cristãos precisam ter ombros fortes e ossos robustos, para poderem colocá-los sob as cargas pesadas daqueles que estão gemendo e não conseguem suportá-las.
            Cristo já carregou a nossa carga, agora é a nossa vez de carregar as cargas uns dos outros, “assim, cumpriremos a Sua lei”.
            À luz da Bíblia, “a vida de servo é a maior razão do cristianismo”. Servir é o nosso serviço!(Gálatas 6:9).
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá


SENDO EDIFICADOS PARA EDIFICAR...

Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças. Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo” (Colossenses 2:6-7 e 1 Tessalonicenses 5:11).

            Seguindo com as nossas pastorais sobre os mandamentos recíprocos, mais uma vez encontramos no Novo Testamento, uma profusão de ensinamentos voltados aos compromissos mútuos dos crentes, tendo como pano de fundo a preocupação de Deus em relação à qualidade (profundidade, extensão e comprometimento) dos relacionamentos entre os membros da “Sua família”.
            Deus sempre conheceu, em sua totalidade, os problemas e desafios inerentes aos relacionamentos humanos, aliás, Ele nos criou seres humanos relacionais, por isso, a Bíblia é rica em ensinamentos nesta área.
            Sabemos que Deus nos edifica pela Sua Palavra e, em sendo edificados, somos desafiados a nos tornarmos edificadores dos outros.
            Na visão do apóstolo Paulo, um dos propósitos do ministério da Palavra é o “aperfeiçoamento dos santos para o serviço” e a consequente “edificação do corpo de Cristo”, por isso disse: “deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros [...] Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Ef 4:25-32).
            Tendo essa orientação paulina como pano de fundo, à luz dos demais ensinamentos neotestamentários podemos dizer que edificaremos uns aos outros quando: 1). Ensinarmos uns aos outros (Cl 3:16); 2). Encorajarmos uns aos outros (Hb3: 13); 3). Aconselharmos e Admoestarmos uns aos outros com graça em nossos corações (Cl 3:16).
            Essa seção de mandamentos recíprocos visa fortalecer os relacionamentos entre os crentes e, por conseguinte, promover o crescimento e a edificação do “corpo de Cristo”. De fato, as dificuldades interpessoais existem, e quando não são administradas à luz da Palavra, causam danos e deterioram os relacionamentos pessoais na Igreja. Na maioria das vezes, o estresse e as dificuldades interpessoais vêm do nosso desejo de “morder e devorar uns aos outros” (Gl5: 15 - morder” é uma metáfora significando: “ferir a alma, cortar, lacerar, atormentar, despedaçar com repreensões”). “Aqueles que tomam parte em fofocas e calúnias tendem, eles próprios, a ter problemas (sentimentos de inferioridade, necessidade de ser notado, desejo de controlar ou ter poder e outras inseguranças). Essas pessoas precisam de ajuda para abandonar esse modo nocivo de lidar com seus conflitos internos”.
            Quando Paulo diz: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente”, está exortando-nos à prática baseada na Palavra. Quando a Palavra de Cristo habita em nós de um modo abundante, certamente, os nossos relacionamentos serão moldados por ela. Por conseguinte, devemos sempre usar palavras edificantes, cheias de graça, e aplicá-las a nossa própria vida e aos nossos relacionamentos interpessoais. Por isso, devemos “seguir as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros” e assim, ‘edificar-nos-emos reciprocamente’ (Rm 14:19 e 1Ts 5:11).
            Em momento algum o crente pode esquecer que, especialmente, quando se trata de relacionamentos interpessoais, a lei da reciprocidade é absoluta e extremamente clara, ou seja, como disse Jesus: “com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também” e mais, “tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7: 2, 12). “Esse princípio pode ser considerado uma joia inestimável para os relacionamentos sociais. É positivo, está baseado no amor, é universal e estende a lei de Deus acima e além da lei humana”. Quem leva a sério esta ‘regra áurea’ beneficia os outros e a si próprio.
            Tiago afirma que “todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito e capaz de refrear também todo o corpo”(Tg 3:2). Creio que de um coração onde a Palavra de Cristo habita abundantemente, cheio do Espírito Santo e da Graça de Deus, dificilmente sairá alguma palavra torpe.
            Deus nos edifica para edificarmos uns aos outros (2Co 1:4) por meio de ensinamentos, encorajamentos (estímulos positivos), aconselhamentos e admoestações, sempre baseados e motivados pela graça. Portanto, somos a família de Deus, sendo edificada para edificar!
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá

SERVOS POR AMOR!


O amor é [...] não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba...” (1 Co 13:4-8)

            A segunda seção dos mandamentos recíprocos trata dos mandamentos expressos na forma negativa e, de maneira geral, apresenta os deveres dos crentes no sentido de protegerem o Corpo (de Cristo – a Igreja) de vários males que aborrecem a Deus, poluem e infectam toda a comunidade. São males que funcionam como fermento maldito que, independentemente da quantidade, leveda a massa inteira.Na realidade tratam do testemunho que os crentes devem evidenciar, como servos do amor.
            Visto ser a reciprocidade indispensável para preservação da unidade dos diferentes, o cumprimento dos mandamentos recíprocos se torna condição precípua para o testemunho cristão. Podemos dizer que ao cumprir tais mandamentos, o crente manifesta o fruto do Espírito.
            Visando preservar a Igreja (Corpo de Cristo) de males que engendram contendas, o Novo Testamento nos apresenta os seguintes mandamentos recíprocos expressos na forma negativa: “Não julgueis uns aos outros” (Rm14:13); “Não faleis mal uns dos outros” (Tg 4:11); “Não vos queixeis uns dos outros” (Tg 5:9); “Não vos mordeis e devoreis uns aos outros” (Gl 5:14,15); “Não vos provoqueis uns aos outros” (Gl 5:25,26); “Não tenhais inveja uns dos outros” (Gl 5:25-26); “Não mintais uns aos outros” (Cl. 3:9-10). Todos esses mandamentos se tornam uma consequência na vida daquele que ama e, são plenamente cumpridos quando somos “transparentes uns aos outros” (Tg 5:16) e “perdoamos mutuamente uns aos outros” (Ef. 4:32).
            Nossos relacionamentos podem mudar para melhor a partir da nossa decisão de observar com alegria o que Deus está mandando em Sua Palavra. E Ele por Sua graça, há de nos capacitar a termos relacionamentos vitoriosos e amizades duradouras.
            Sabemos que é propósito eterno de Deus que esses relacionamentos sejam autênticos entre os membros da Sua família. Daí a grande relevância dos mandamentos recíprocos.
            Sem dúvidas, quando não cumprimos os mandamentos acima apresentados, certamente, expomos o Corpo de Cristo e, em todas as circunstâncias, cometemos pecado, poluímos e infectamos a comunidade.
            Por exemplo, em nenhum lugar na Bíblia, Deus nos autoriza a julgar o nosso irmão, pelo contrário, tal prerrogativa é exclusiva dEle, que é justo e santo. Parafraseando Calvino, por causa do orgulho que muitas vezes domina o coração do homem, ele se torna excessivamente indulgente para com os seus próprios erros e, extremamente intolerante para com os erros alheios.
            Os imperativos expostos acima são mandamentos claros e simples, extremamente profundos por sua objetividade e, portanto, praticamente excluem qualquer possibilidade de interpretação errônea.
            Na realidade, Deus, em Sua infinita sabedoria, jamais nos deixou à vontade para fazer uso da lei em prol de condenar quem quer que seja. “Ao contrário, se a lei não aponta, antes de tudo, para mim mesmo, então, definitivamente, não compreendi o seu propósito e, consequente e inevitavelmente, farei uso equivocado dos preceitos divinos, julgando aos outros e difamando-os, descumprindo o que nos é dito pelo apóstolo Paulo em (1Tm 6.3-5).
            Exortando aos gálatas o apóstolo Paulo diz “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros" (Gl.5:15), é interessante notar que esta exortação está no contexto do uso da liberdade e, nesse caso, Paulo faz questão de ensinar que a liberdade que em Cristo o crente tem, é limitada pelo amor. Ele explica: Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gl. 5:13-14) e, completa dizendo:Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl. 5:16).
            Naturalmente, a linguagem usada no verso “15”, é altamente figurativa, embora não seja obscura. “Morder e devorar uns aos outros”, ao ver do Apóstolo, refere-se às contendas no seio da Igreja, cujos resultados são enormes feridas que deixam cicatrizes profundas que marcam vidas e Igrejas, às vezes, para sempre.
            Certo escritor disse: "Quando cães e lobos se mordem, agem conforme suas naturezas, mas sem dúvida, é triste ver as ovelhas fazendo o mesmo". O mesmo escritor disse: "Preferia ser mordido por um cachorro fora do aprisco, do que por uma ovelha dentro dele. A mordida de um crente é mais cortante do que qualquer outra".
            A não obediência aos mandamentos recíprocos pode ferir, de morte, a Igreja, pode torná-la em “pedaços mais rápido do que qualquer ataque de homens e/ou demônios vindos de fora”. “Brigas e contendas impedem a edificação por dentro e a conversão por fora”.
            Como servos do amor devemos ser (em todas as circunstâncias) criteriosos em nosso modo de criticar, avaliar, julgar e questionar atitudes dos outros, inclusive, ao recebermos alguma informação negativa sobre a vida ou atitude de alguém. Sobre esse assunto Charles Spurgeon disse: “Não creia em metade do que você ouve; não repita metade do que crê; quando ouvir uma notícia negativa, divida-a por dois, depois por quatro, e não diga nada a respeito do restante”. O crente não pode esquecer em nenhum momento de que só Jesus Cristo é Juiz (At. 10:42; Tg 4:12).
            Penso que obedeceremos aos mandamentos recíprocos quando orarmos como Davi: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios” (Sl 141:3) e mais: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” (Sl 19:14). Somos servos por amor!
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...