domingo, 22 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
FAMÍLIA CRISTÃ: IGUAL, PORÉM DIFERENTE! SOB O NOVO MANDAMENTO.
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:34-35)
Em pastorais anteriores, vimos que nos planos de Deus, a família é extremamente relevante e tem insubstituível papel na formação saudável de todos que a compõe.
E nesse contexto a Bíblia deixa claro que é “propósito eterno de Deus ter uma família de muitos filhos iguais a Jesus” e, Ele tem chamado a muitos, para no seio da Igreja, ser essa família.
A Igreja é uma família de famílias, planejada por Deus para ser lugar de bênção, de cura, de relacionamentos, de crescimento, de amor, de misericórdia e vínculos eternos. Nós somos membros dessa família e, no contexto da Igreja, somos chamados para vivermos em comunhão, unidos no Espírito Santo em perfeito amor, crescendo juntos “naquele que é a cabeça, Cristo”.
É fato que o pecado não deixou nada intacto nem no homem e nem no universo, tudo foi contaminado. Nenhuma família é perfeita e nesse sentido, todas são iguais. Contudo, as famílias que vivem sob o novo mandamento, são diferentes.Infelizmente, as imperfeições existem! Não existe Igreja (“visível”) perfeita! Entretanto, sob o novo mandamento, a Bíblia nos desafia a vivermos, na Igreja, uma experiência diferente. As imperfeições podem ser superadas, as fraquezas podem ser fortalecidas, o incompleto pode ser completado, as barreiras podem ser derrubadas, o passado pode ser vencido (no presente) pelas certezas do futuro.
A Igreja é lugar de relacionamentos mútuos, que visam à unidade do corpo e a edificação de cada membro, como explica o apóstolo Paulo: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor,no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito (Ef2:19-22 e Ef 4:15-15).
À luz da Bíblia podemos ver que a proposta de Deus para a eficácia dos relacionamentos na “família da fé” (a Igreja) está na mutualidade. Na “família de Deus”, a experiência de cada membro é uma via de mão dupla, de mutualidade.
Como membros do “corpo de Cristo”, da “família de Deus”, somos também, “membros uns dos outros” e, portanto, inevitavelmente, temos responsabilidades mútuas. Não é sem propósito que a Bíblia diz: “alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” e “exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado” e, completa com severa advertência:“se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos” (Rm 12:15; Hb 3:13; Gl 5:15).
Já sabemos que enquanto o pecado fizer parte da nossa história, os problemas e conflitos existirão e sempre dificultarão os nossos relacionamentos. Não há dúvidas de que a mutualidade é a resposta de Deus para que os Seus filhos (os membros da Sua família) construam relacionamentos saudáveis e vivam como Ele quer.
Biblicamente, quando falamos de mutualidade, como proposta de Deus para vencermos a crise de comunhão, o pragmatismo e a superficialidade e, experimentarmos um nível (uma dimensão) mais elevado da vida cristã, com verdadeira “exortação em Cristo, consolação de amor, comunhão do Espírito [e] entranhados afetos e misericórdias”, estamos falando dos “mandamentos recíprocos”.
Os mandamentos recíprocos (em número de 40 ou 25 ou 15 conforme a visão do biblicista), caracterizados no Novo Testamento com a expressão “uns aos outros”, têm muito a ver com as nossas “inter-relações” e indicam as nossas obrigações mútuas e as nossas oportunidades de expressar a vida em comum. Têm relação com as coisas que os cristãos devem fazer e/ou evitar mutuamente, a fim de preservarem “a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4:3).
Geralmente os mandamentos recíprocos são apresentados na forma positiva ou na forma negativa com, basicamente, quatro objetivos: valorizar os relacionamentos; preservar a unidade do Corpo; contribuir para o crescimento dos outros, e; promover o serviço cristão.
A Igreja como uma família é igual a todas as outras porque, como as demais, é formada de pecadores; contudo, concomitantemente, é diferente, e como tal, busca preservar a unidade, manifestar a diversidade e viver em mutualidade.
A Igreja como uma família é igual a todas as outras porque, como as demais, é formada de pecadores; contudo, concomitantemente, é diferente, e como tal, busca preservar a unidade, manifestar a diversidade e viver em mutualidade.
Assim sendo, a Igreja será diferente e fará a diferença à medida que compreender e praticar os mandamentos recíprocos. Nas próximas devocionais seguiremos meditando sobre os mandamentos recíprocos.Acompanhe-nas!Deus abençoe a nossa Igreja.
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
terça-feira, 17 de maio de 2011
IP Cuiabá tem novo templo
Líderes da igreja convidam Prefeito para pré-inauguração
A Igreja Presbiteriana de Cuiabá, Mato Grosso, realizará no dia 31 de maio a pré-inauguração de seu novo templo.
No dia 10 de maio, representantes da IP Cuiabá e da Universidade Presbiteriana Mackenzie estiveram na Prefeitura da cidade para convidar o Prefeito, Francisco Galindo, para a cerimonia de pré-inauguração.
O novo templo da Igreja está sendo construído na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, mais conhecida como Avenida do CPA (Centro Político Administrativo de Cuiabá). O terreno foi cedido pelo Governo do Estado, com aproximadamente 32 mil m². Participaram do encontro o pastor sênior da Igreja Presbiteriana em Cuiabá, Rev. Marcos Serjo, e o presidente do Conselho Deliberativo da Universidade Mackenzie, Maurício Menezes, acompanhados de dois presbíteros da Igreja.
Rev. Marcos Serjo explicou que no novo templo, além da sede da Igreja, que terá capacidade para três mil pessoas, funcionará uma série de outras instalações, como centro de atividades sociais e a escola dominical.
O prefeito e os presbíteros conversaram sobre a história da Igreja Presbiteriana e da Universidade Mackenzie, e sobre a preocupação dos missionários presbiterianos em investir na educação.
Francisco Galindo disse conhecer e ter grande admiração pela história da Universidade Mackenzie, uma instituição comprometida com o ensino de qualidade. “A prefeitura de Cuiabá está sempre à disposição da Igreja e do Mackenzie. Conhecemos o trabalho que desenvolvem, sério e competente”, declarou o prefeito.
Rev. Marcos Serjo e Maurício Menezes desejaram ao prefeito uma administração bem sucedida. “Pode contar com a Igreja. Estamos orando para que o Senhor o guarde, o proteja, para que seja bem sucedido em seu trabalho”, declararam.
Ao final do encontro, o prefeito foi presenteado com uma série de publicações da Igreja e da Universidade. Como retribuição, os representantes da Igreja receberam um livro com fotos antigas de Cuiabá, das décadas de 1950 e 1960.
Vença o mal com o bem!
“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
(Romanos 12:21)
Com esta devocional, encerraremos uma série de oito pastorais sobre as virtudes cristãs recomendadas pelo apóstolo Paulo, como indispensáveis ao testemunho cristão.
Ao longo destas devocionais, vimos que a vida do cristão verdadeiro deve ser marcada pelo amor sincero e autruísta (sem hipocrisia, cordial e humilde, generoso, empático, abençoador, pacífico e pacificador); pela justiça prática (detestando o mal e apegando-se ao bem); pelo zelo no trabalho (com fervor e constância), e; pela firmeza na esperança em Cristo (com alegria, paciência e oração perseverante).
Por conseguinte, vimos, também, que a despeito das dificuldades, oposições, perseguições e sofrimentos de toda ordem, pelos quais, impreterivelmente, os crentes têm que passar, cada servo de Deus é exortado a enfrentar todas as circunstâncias com entusiasmo, alegria e oração, sem perder a esperança e, contrariando as características naturais do homem contemporâneo (2Tm 3:2-5), a generosidade e a solidariedade devem ser marcas visíveis da sua identidade cristã, especialmente, considerando a proximidade do fim, a volta do Senhor Jesus (1 Pedro 4:7-11).
Na realidade,o tema do amor no seio da comunidade cristã é a virtude que permeia todas as recomendações paulinas. Na visão do apóstolo, a Igreja deve ser uma comunidade de amor e os seus membros a personificação desse amor com todas as suas virtudes. Por causa do amor que deve permear toda a prática cristã, indistintamente dispensado aos irmãos, amigos e inimigos, o apóstolo conclui que é possível vencer o mal.
Segundo o apóstolo Paulo, a única e infalível arma capaz de vencer o mal, é o bem. O bem que é fruto do amor, que por sua vez, é fruto do Espírito Santo. O amor é o único poder com força para consumir e derrotar o mal. O propósito da prática das virtudes recomendadas, “das manifestações do amor, é o mesmo propósito de Cristo sobre a cruz: vencer o mal com o bem”.
Nesse contexto Sêneca (Lúcio AneuSêneca, filósofo romano 4a.C. – 65 d.C.) disse: “Vicient malos, pertinax bonitas”, ou seja, “derrota os males aquele que é teimosamente bom”, ou então, “a bondade constante derrota os males”. Em essência a principal exortação desta virtude é que devemos abster-nos do mal, pessoalmente; abominá-lo por princípio; e, vencê-lo na (e por meio) prática, cotidianamente.
“Nesta nossa vida, toda luta é contra a perversidade. Se tentarmos retaliar, admitimos que fomos enganados por ela. Mas se, ao contrário, ao mal revidarmos com o bem, demonstramos por esse mesmo ato um invencível equilíbrio do espírito. E esta é a mais gloriosa espécie de vitória” (Calvino). Ainda segundo o reformador, quem tenta “vencer o mal com o mal, talvez até consiga vencer seu inimigo com algum dano, mas tal coisa será sua própria ruína, pois, ao agir assim, estará participando da batalha do diabo”.
Paulo escrevendo aos Tessalonicenses disse: “Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos” (1 Ts 5:15) e, no mesmo contexto, admoesta aos Gálatas nos seguintes termos: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6:9-10).
Vencer o mal é possível e é o propósito divino para todos os crentes. O mal a ser vencido é prático e não ideológico, é real, presente e persistente. Fica claro que a ordem para vencermos o mal, pressupõe a prática do bem. O que o apóstolo quer dizer é que “aquilo que o crente faz é ainda mais importante do que aquilo que ele diz”. Por isso, somente venceremos o mal, com a prática do amor!
Por fim, a suma é: em tudo e em todo o tempo, o crente tem que ser bênção e abençoador, sem o direito de fazer qualquer acepção, esse é o exemplo deixado pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
Vingar ou Amar? Sofrer o dano ou dar o troco?
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça” (Romanos 12:19-20).
Muitas vezes, quando feridos ou prejudicados por alguém, somos, naturalmente, envolvidos por um profundo desejo de justiça, que na realidade, lá no íntimo, consiste em retaliação, ou seja, em um desejo de vingança.
Justiça ou vingança? Sem dúvidas, o que separa a justiça da vingança é uma linha extremamente tênue e muitas vezes as confundimos.
No geral, conceitualmente, a justiça objetiva a preservação da vida e sempre visa o bem, mesmo quando ela se manifesta em forma de punição. Trata-se de uma “noção ética fundamental, sendo que por meio dela as relações humanas são regulamentadas”.
Todavia, a vingança consiste na retaliação contra uma pessoa ou grupo em resposta a algo que foi percebido ou sentido como prejudicial, na essência, sempre visa o mal e expressa desejos destrutivos. A vingança não busca acordos ou reconciliações!
Vingar ou Amar? Sofrer o dano ou dar o troco? Vindicar ou Vingar? Qual deve ser a postura do crente em Jesus Cristo? O que a Bíblia ensina? É nesse contexto que se encontra a presente recomendação do apóstolo Paulo.
Mais uma vez, Paulo ensina algo fácil de entender, mas difícil de praticar. Novamente ele usa o tema do amor no seio da comunidade cristã, como a virtude que deve permear todo o comportamento dos crentes e, por conseguinte, evitar o desejo natural de vingança, de dar o troco, de retaliação.
Segundo Calvino, o desejo por vingança jorra da mesma fonte que a soberba e o orgulho, a saber: “um amor desordenado voltado para si mesmo e um orgulho inerente que nos leva a uma excessiva indulgência para com nossos próprios erros, enquanto que nos revelamos intolerantes para com os erros alheios. Visto, pois, que esta enfermidade cria em quase todos um desejo frenético por vingança, mesmo quando sofrem as mais leves injúrias, o apóstolo nos ordena, aqui, a não cultivarmos o espírito de vingança, mesmo quando somos dolorosamente feridos, mas que deixemos a vingança com o Senhor”
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados”. O que Paulo está requerendo é que a despeito da nossa inclinação natural, em nenhuma hipótese devemos buscar a vingança, ela sempre nos fará mal. O prazer da vingança sempre é efêmero e desaparece logo após o “acerto de contas”, dando lugar a destruição, ao vazio existencial, e muitas vezes ao sentimento de culpa e remorso pela dor causada intencionalmente no outro. Por outro lado, o apóstolo ensina que o caminho da reconciliação, do perdão, da tolerância e do diálogo pessoal franco, aberto e direto com o outro, sempre é a melhor e mais abençoada opção. Afinal, esse foi o exemplo do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!
A admoestação enfática é: deixemos a vingança nas mãos de Deus! A prerrogativa da vingança é exclusiva de Deus. “[...] mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence à vingança”, significa “deixar com Deus a autoridade de julgar”. No entender de Calvino, “aqueles que planejam a vingança privam Deus desta autoridade, [...] porquanto Deus quis reservar este ofício exclusivamente para si”.
De fato, a justiça e a vingança pertencem a Deus e, desde os tempos de Moisés esta mensagem é colocada de maneira bem clara, senão vejamos:“A mim me pertence a vingança, a retribuição, a seu tempo, quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua calamidade está próximo, e o seu destino se apressa em chegar. Porque o Senhor fará justiça ao seu povo e se compadecerá dos seus servos, quando vir que o seu poder se foi, e já não há nem escravo nem livre” (Deuteronômio 32:35-36; outros textos como:Is 34:8; 35:4; 61:1-3) e, “ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:30-31).
Inspirado por Deus, em sua sabedoria Salomão disse: “não digas: vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor e ele te livrará” (Pv20:22) e admoesta aos crentes a não se alegrarem quando virem o fracasso dos seus inimigos (Pv 24:17-21).
François (Escritor Francês e Duque de La Rochefoucauld, 1613-1680) disse: “A vingança procede sempre da fraqueza da alma que não é capaz de suportar as injúrias”. Nenhum crente tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos!
“Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber”. Na realidade Paulo repete a admoestação do verso 17 reforçando a idéia de que devemos amar a todos, inclusive, aqueles que nutem inimizade por nós, se necessário, socorrendo-os em suas necessidades básicas.
“Porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça”. Parafraseando R C Sproul, quando respondemos ao mal com bem, expomos os nossos inimigos à ira de Deus e, se eles persistirem em nos tratar de maneira perversa enquanto lhos pagamos com o bem o mal que nos fazem, aumentamos a culpa deles diante de Deus, isto é amontoar brasas vivas sobre suas cabeças.
Devemos resistir ao desejo de vingar e aprender a amar, inclusive, os que se declaram nossos inimigos.
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
O amor e a humildade andam de mãos dadas
“Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Romanos 12:16).
Sem dúvidas, estamos diante de uma recomendação absolutamente objetiva e fácil de entender, contudo, extremamente difícil de praticar. Paulo retoma o tema do amor no seio da comunidade cristã, que na realidade, é a virtude que permeia todas as suas demais recomendações. Em síntese, na visão dele, quando o amor e o respeito mútuo perseveram entre os irmãos, o orgulho (a soberba) não tem espaço.
“Tende o mesmo sentimento uns para com os outros” (“sede unânimes entre vós” – versão corrigida). Paulo está falando de uma mesma atitude mental, da necessidade de vivermos em harmonia uns com os outros, o que na essência, deveria ser o simples resultado do amor, conforme expresso em filipenses: “se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros (2:1-4).
Metaforizando, o amor é o pai e a humildade é a mãe de todas as virtudes, ou seja, a base de todas elas. Ninguém viverá em harmonia consigo mesmo e/ou com os outros, se em seu íntimo (espírito) verdadeiramente não reinar o amor e a humildade.
“[...] em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde” (“não ambicioneis coisas altivas, mas acomodai-vos às humildes”– versão corrigida), aqui Paulo vai direto ao ponto, ao problema que pode derrotar toda uma comunidade, que pode ser fonte de escândalos, conflitos, confusões e dissensões, a saber, o orgulho, a altivez de espírito. Dante Alighieri (1265-1321 – Escritor e Poeta Italiano), em “O Inferno” (1ª parte da “Divina Comédia”) diz que o “orgulho, a inveja e a avareza, são as fagulhas que têm incendiado os corações de todos os homens”.
Para o apóstolo Paulo, “a graça exclui o orgulho”, em quaisquer situações, o orgulho sempre será danoso para o crente. O orgulho sempre deve ser considerado um inimigo para os servos de Deus. O orgulho no coração humano é um solo fértil para que os intentos de Satanás floresçam e cresçam, desviando-o e afastando-o cada vez mais da verdade. À medida que o orgulho cresce no coração do crente, as coisas do Espírito diminuem, incluindo-se a humildade necessária para que ele viva retamente diante do Senhor e em comunhão com os irmãos. O orgulho sempre é perigoso, “é o começo do pecado”!
Segundo Calvino, o que o apóstolo tem em mente “é que o cristão não deve desejar com obsessiva ambição aquelas realizações pelas quais ele exceda a outrem, nem alimentar sentimentos de superioridade; mas ao contrário, deve ponderar com discrição e mansidão”, nas palavras de Paulo, “condescender com o humilde”.
“Condescender”, significa “transigir espontaneamente; ceder, anuir voluntariamente”, assim sendo, ao invés do crente ser orgulhoso, deve identificar-se com as coisas humildes e condescender com as pessoas humildes.
“[...] não sejais sábios aos vossos próprios olhos”. Paulo não está fazendo apologia à ignorância, absolutamente não! Ele quer dizer que é sempre melhor atribuir honra aos outros do que recebê-la ou auto atribuí-la. Mais uma vez o apóstolo ataca a presunção, a soberba e o orgulho, provavelmente, ele tinha em mente o texto de Provérbios 3:7-8 que diz: “não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos”. À luz desse texto, ser sábio aos próprios olhos é algo terrível. Na verdade, é pecado porque é orgulho. Todos os que vivem de forma sábia aos próprios olhos não temem realmente ao Senhor e não se apartam do mal. Nesse sentido as palavras de Calvino são oportunas quando diz: “O antídoto mais eficaz para a cura da arrogância (orgulho ou soberba) é suprimir uma opinião demasiadamente exagerada acerca de nossa própria sabedoria”.
As advertências da Bíblia contra a soberba são abundantes, por exemplo: “Tens visto a um homem que é sábio os seus próprios olhos? Maior esperança há no insensato do que nele” (Pv 26:12); “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!”(Is 5:21); “Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber” (1Co 8:2); “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16:18).
Em tudo o crente precisa buscar a moderação e, em sua vida o amor e a humildade sempre devem estar de mãos dadas, como partes integrantes do seu caráter e presentes em todas as suas atividades. O Salmo 131 precisa ser o moto do crente, a saber: “Senhor, não é soberbo o meu coração,nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas,nem de coisas maravilhosas demais para mim.Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma;como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe,como essa criança é a minha alma para comigo.Espera, ó Israel, no Senhor,desde agora e para sempre”.“A soberba precede a ruína,e a altivez do espírito, a queda”, por sua vez, o amor e a humildade, conduzem às grandes e verdadeiras vitórias.
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
Abençoar sempre!
“Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante os homens; se possível, quanto depender de vós: tende paz com todos os homens!” (Romanos 12:14, 17-18).
Dando sequência à sua exposição das virtudes indispensáveis na vida dos crentes em Cristo Jesus, o apóstolo Paulo procura deixar claro que na medida em que os crentes crescem na graça e no conhecimento de Jesus, precisam revelar o caráter dEle em sua prática cristã. Na realidade, tais virtudes, são implicações naturalmente decorrentes da nova aliança.
Jesus Cristo é a nossa maior bênção e é nEle que Deus nos “abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais”, na verdade, não há bênção que não nos tenha sido garantida “por meio dEle”. Deus é Deus abençoador e os seus eleitos foram chamados precisamente para esse fim.
Abençoar sempre, nunca amaldiçoar, fazer o bem a todos e lutar pela paz, são virtudes que precisam estar presentes na vida e na prática dos crentes.
Nesta seção Paulo, conforme interpreta Calvino, recomenda uma prática “demasiadamente difícil e completamente contrária à natureza humana”, contudo o reformador complementa dizendo que, “nada há que seja tão árduo que não possa ser dominado pelo poder de Deus; e este jamais falhará, contanto que não deixemos de pedir-lhe que nos conceda seu poder”.
“Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis”, na essência, o apóstolo está requerendo que os servos de Deus sejam abençoadores em todas as circunstâncias, o que na maioria das vezes, não é fácil, principalmente, se considerarmos o verdadeiro sentido do que significa “abençoar”.
“Abençoar”, no hebraico é “ברך” “barak” e significa “conceder poder a alguém para alcançar prosperidade, longevidade, fecundidade, obter sucesso e muitos frutos”. No grego é “ευλογεω” “eulogeo” e significa “invocar bênçãos, pedir a bênção de Deus sobre algo, fazer prosperar, tornar feliz, conferir bênçãos a”. O conceito de multiplicação está contido neste termo.
É nesse sentido que Deus instituiu uma benção que os sacerdotes deveriam ministrar ao povo para que este pudesse sempre ser bem sucedido, senão vejamos: “Disse o Senhor a Moisés: Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel e dir-lhes-eis: O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz. Assim, porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Nn 6:22-27).
Por esses e outros motivos, as virtudes dessa seção se revestem de especial significado e de grande desafio, visto que, “abster-nos de amaldiçoar os nossos inimigos não é tão difícil quanto abençoá-los e orar para que Deus lhes conceda Seu favor e graça. Fazer isso é difícil, mas é isso que significa amar” (RC Sproul). Realmente é mais difícil abençoar os que nos perseguem ou nos causam algum mal, do que abster-nos da vingança ao sermos afrontados. Em outras palavras, podemos até ignorar a vingança, mas, temos muitas dificuldades e resistências quanto ao desafio de orar e abençoar os que nos ofendem. “Não obstante, Deus, através da sua Palavra, não só impede nossas mãos de praticarem o mal, mas também domina os sentimentos de amargura que saturam nossos espíritos” (Calvino).
A exortação de Paulo, na realidade é dupla, tem relação com “refrerear a paixão de nossa ira” e, também, incentivar a oração em favor dos nossos ofensores e, novamente citando Calvino, é indispensável que eles “descubram que nosso perdão inclui também preocupação por eles; e caso venham a perecer, que provenha de seu próprio arbítrio e não do nosso”.
“Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante os homens; se possível, quanto depender de vós: tende paz com todos os homens!”, nesta parte, Paulo está falando especificamente do comportamento do crente em meio aos não crentes e, nesse ambiente, ele tem que brilhar com alguém justo, honesto, do bem e pacificador.
Não podemos nos esquecer de que as pessoas (o mundo) nos observam e querem saber quem somos. O testemunho do crente (a sua vida - 2Co 3:2-3) é o lastro da sua fé. Naturalmente, as pessoas buscam uma oportunidade para ferirem quem os ferem, na verdade, não querem sair por cima, querem passar por cima, mas segundo o apóstolo, isso é mal, é manifestação da corrupção que reina no coração do homem e um exemplo de mal moral.
Embora o desejo de vingança seja natural para o homem sem Cristo, tem que ser abominado pelo crente. “Esse não é o modo como a vida cristã deve ser. Não devemos pagar o mal com o mal”, mas sim, procurar “fazer coisas nobres diante de todos os homens” e, sempre que estiver ao nosso alcance, lutar pela paz. Segundo RC Sproul, nesta seção Paulo está falando de problemas cujas possibilidades de resolução estão ao nosso alcance. Nesse sentido é nossa responsabilidade promover a resolução, ou seja, a paz. Enquanto depender de nós, temos que fazer a nossa parte, custe o que custar! Isto significa Abençoar sempre!
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
Solidariedade Cristã
“Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Romanos 12:13, 15).
Uma rápida leitura do nosso texto básico em outras versões ressalta ainda mais a relevância e urgência da solidariedade cristã, senão vejamos: “Repartam com os irmãos necessitados o que vocês têm e recebam os estrangeiros nas suas casas. Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram” (NTLH). “Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade. Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram” (NVI). “Quando os filhos de Deus estiverem em necessidade, sejam vocês os primeiros a ajudá-los” (B.V.).
Alertando ao seu filho na fé, o apóstolo Paulo fala a Timóteo sobre os males e as corrupções dos últimos dias e profetiza que tempos difíceis virão, nos quais “os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes [...], mais amigos dos prazeres que amigos de Deus” (2Tm 3:2-5) e, deixa claro, a possibilidade de tudo isso acontecer dentro da Igreja visível. Por isso, Timóteo deveria ficar atento e fugir destas pessoas! Por outro lado, na visão do apóstolo, os verdadeiros crentes deveriam manter-se firmes, imitando a prática dos primeiros cristãos, conforme Atos 4:32: “da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum”.
O apóstolo Pedro, da mesma forma, considerando a proximidade do fim (a volta do Senhor Jesus), sobre a solidariedade cristã, nos admoesta nos seguintes termos: “Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações. Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados. Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração. Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus [...] se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence à glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Pedro 4:7-11).
Considerando que de fato vivemos dias difíceis, nos quais, a maioria das pessoas, cada vez mais ensimesmadas e egoístas, busca a sua própria e exclusiva felicidade, em detrimento dos outros, a admoestação do apóstolo Paulo recomendando-nos a prática da virtude da solidariedade cristã, embora pareça uma ‘voz clamando no deserto’, torna-se ainda mais relevante e urgente.
Particularmente neste texto, Paulo distingue solidariedade cristã de responsabilidade social. A despeito da Bíblia, também falar da nossa responsabilidade social em relação aos pobres e necessitados em geral, a virtude recomendada aqui, na realidade é específica, trata-se da solidariedade entre os “santos”. Certamente, Paulo estava pensando nos crentes da própria comunidade, por conseguinte, na solidariedade como testemunho e expressão do amor de Cristo na vida dos crentes.
O verbo “compartilhar” (“κοινωνεω” –“koinoneo” de “koinonos” e “koinonia”) significa “estar em comunhão com, tornar-se um participante, tornar-se um companheiro, entrar [andar] em comunhão, fraternidade, participação conjunta, relação, comunhão, intimidade que demonstra compromisso e prova de comunhão”. Isto quer dizer que, para os cristãos, a solidariedade é ‘modo de vida’. Vale notar que neste particular, Paulo não está falando de dar, mais sim, de compartilhar. O apóstolo está falando de participação, de envolvimento, de intimidade e compromisso, em outras palavras, dos deveres do amor.
Além do aspecto de dar, de tirar do que é nosso, há o custo do envolvimento pessoal. Para sermos bons cristãos, temos que aprender a compartilhar as necessidades. Não apenas dar, mas nos associarmos nas carências dos outros. Calvino, interpretando o texto diz “que devemos aliviar as necessidades dos nossos irmãos, como se estivéssemos socorrendo a nós próprios”.
Neste mesmo contexto, Paulo também nos exorta à prática da hospitalidade, que é uma forma de solidariedade cristã e, sem dúvidas, é uma maneira de compartilhar as necessidades dos santos. A palavra não apenas inclui a ideia de abrir a porta da casa e da despensa, mas, sim, do coração, pois é hospitalidade oferecida e isto com bondade.
A hospitalidade é algo que devemos procurar fazer com prazer. O verbo “praticai” significa “perseguir, esforçar-se diligentemente por fazer”. A hospitalidade exige sacrifício, o sacrifício da privacidade, de tempo e de recursos financeiros, contudo, os seus benefícios e resultados ultrapassam em peso qualquer esforço, sacrifício ou despesas financeiras (Hb13:1-2). Abraão praticou esta ação e fê-la com esmero (Gn 18: 2-8).
O amor ao próximo, que inclui a hospitalidade, é um chamado para todo cristão. Aquele que serve ao Senhor deve ser: “antes, hospitaleiro, amigo do bem [...]” (Tt 1:8), e a Bíblia diz mais: “sede mutuamente hospitaleiros sem murmuração” (1Pe 4:9). Essa prática não é apenas uma questão subjetiva de escolha e sim um mandamento para a vida cristã.
“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”, com essa recomendação, Paulo complementa o seu pensamento dizendo que a vida cristã é envolvimento, significa compartilhar até sentimentos. Na visão do apóstolo dos gentios, o crente deve procurar se envolver profundamente com os “santos”, a ponto de conhecer detalhes da vida deles e se associar com eles nas alegrias e nas tristezas. Provavelmente, compartilhar sentimentos é uma das necessidades mais básicas do ser humano e isso torna essa virtude recomendada ainda mais relevante e urgente. A proposta é que saibamos estar perto uns dos outros nos momentos significativos da vida cristã, tanto os alegres como os tristes. Esse envolvimento é amor cristão, é solidariedade cristã.
Em nosso corrido dia a dia não é fácil deixarmos nossos afazeres, nossa vida e nosso tempo para nos doarmos ao próximo. Porém, é exatamente o que devemos fazer. “Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte” (Isaías 41:6).
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
A alegria que nasce da esperança, a paciência que nasce da adversidade, a oração que rega ambas!
“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”
(Romanos 12:12 ARC)
Nesta pastoral trataremos da terceira virtude recomendada pelo apóstolo Paulo, a saber: “regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes”. Na realidade, como expressou João Calvino (10 de Julho de 1509 - 27 de Maio de 1564), em seu comentário a respeito da carta aos romanos (páginas 448-449), “estes três conselhos se entrelaçam e parecem depender do anterior — ‘servindo ao tempo’. A pessoa que põe sua alegria na esperança da vida por vir, e suporta suas tribulações com paciência, também está pronta a dedicar-se ao tempo e se vale da oportunidade de marchar com vigor em busca de seu alvo”.
Segundo Calvino, a mente do crente deve estar firmada no céu, para que experimente a verdadeira alegria que é sólida e plena. “Se a nossa alegria repousa na esperança da vida por vir, esta esperança gerará em nós paciência na adversidade, visto que nenhum sentimento de pesar será capaz de fazê-la sucumbir. Portanto, estas duas coisas se acham estreitamente relacionadas entre si: A alegria que nasce da esperança, a paciência que nasce da adversidade. Somente a pessoa que aprendeu a buscar sua felicidade para além deste mundo, com o fim de reduzir e aliviar as asperezas e amarguras da cruz com a consolação da esperança se sujeitará calma e tranquilamente a carregar a cruz”.
Seguindo o raciocínio de Calvino, a alegria que nasce da esperança e a paciência que nasce da tribulação, somente são consolidadas pela prática perseverante da oração; assim sendo, “devemos permanecer constantemente em oração e invocar continuamente a Deus, para que ele não permita que nossos corações desmaiem e se misturem com o pó, ou seja, destroçados pelas calamidades. [...] Mesmos os mais fortes dentre nós são incapazes de suportar esses revezes, sem a frequente reaquisição destas energias. Mas a diligência na oração é o melhor antídoto contra o risco de naufragarmos”.
Certamente, em muitos momentos (ou quase todos), a solução para suportarmos e vencermos as adversidades (tribulações e provas) está na “paciência - perseverança” que nos leva a continuar confiando em Deus fielmente, apesar das circunstâncias. “Escolher alegria através da esperança ao invés de desespero; escolher perseverança paciente nos tempos de aflição; e escolher fidelidade à oração são todas decisões da nossa vontade para confiar que, o Deus que ressuscitou Jesus dos mortos, também pode mudar as nossas circunstâncias, porque Ele ouve a nossa voz”. Não tenho dúvidas, de que esta é a solução!
“Alegrai-vos na esperança”, na visão de Paulo, significa crer que todas as promessas se cumprirão e que a despeito das adversidades, como Jó, podemos nos alegrar na esperança da ressurreição, dizendo: "Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a Terra” (Jó 19:25) e como Habacuque: “ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente” (Hb 3:17-19 e Tt 2:13).
“Sede pacientes na tribulação”. Por “paciência – perseverança” (“ὑπομένοντες” - “hupomenontes”), o apóstolo quer dizer: “estabilidade, constância, tolerância, a característica da pessoa que não se desvia de seu propósito e de sua lealdade à fé e piedade, mesmo diante das maiores provações e sofrimentos, com paciência espera por alguém ou algo lealmente”. A ideia de “paciência” não é aquela atitude de pessimismo e de passividade, comuns às pessoas que não podendo evitar o desagradável, enterram a cabeça na areia como a avestruz e esperam a tempestade passar. Não se trata de uma atitude ativa e resignada. Paulo estava indo para Jerusalém e sabia que cadeias e tribulações o esperavam (Atos 20.23), mas aprendeu a gloriar-se nelas (Romanos 5.3) e tinha a certeza de que elas não poderiam separá-lo do amor de Cristo (Romanos 8.35). Disse Tiago: “Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”, e completa: “sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. (Tg1:12 e 5:7).
“Perseverai na oração”, significa que devemos estar prontos e continuamente ligados ao Senhor por meio da oração. A oração não é somente um meio de graça, mas, indiscutivelmente, a mais poderosa arma à disposição dos crentes (Sl 145:18).
Pela fé o crente vê além dos sofrimentos, das provas e das tribulações e, por isso, alegra-se na certeza de que Deus cumpre as Suas promessas. “Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (2ªCr 20:15).
O nosso horizonte não deve ser limitado àquilo que é visível. (Hebreus 11.23-27; 2ªCoríntios 4.16-18).“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”.
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
TRABALHE COM ENTUSIASMO E NÃO SEJA PREGUIÇOSO!
“No zelo, não sejais remissos, sede fervorosos de espíritos, servindo ao Senhor" (Rm12:11)
Na lista das virtudes recomendadas pelo apóstolo Paulo na Epístola aos Romanos, encontramos: “No zelo, não sejais remissos, sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor". Como já vimos na pastoral introdutória, as virtudes recomendadas não se referem a atividades, mas à atitudes que, sem dúvida, tornam o cristão essencialmente diferente e apto para fazer a diferença em qualquer circunstância.
Ao tratar do zelo, como virtude cristã, o que está realmente em foco, à luz do pensamento paulino, é a diligência e o fervor no que concerne às atividades do crente no serviço do reino (da Igreja local), em que se conserva zeloso em favor de toda atividade espiritual. Para o apóstolo Paulo o zelo faz parte integrante da espiritualidade genuína e funciona como o sal (o tempero) no caráter cristão. Sempre precisa existir na medida exata, nem de mais, nem de menos.
Sobre o zelo, no Novo Testamento, comumente, são usadas duas palavras, a saber: “ζηλος”– “zelos”, que significa, “ardor, fervor de espírito, zelo, defender algo, interesse por uma pessoa ou coisa” e, também, pode significar, “fúria de indignação, zelo punitivo, rivalidade invejosa e contenciosa, ciúme”; e, “σπουδη” -“spoude”, que significa, “diligência, ou empenhar-se por algo, fazer com toda diligência, interessar-se com muita seriedade” e, também, “afobação, com pressa, ansiedade em executar algo”. No contexto do uso das duas palavras, pode-se perceber a existência de um zelo bom e outro mal, ou seja, um zelo positivo e outro negativo, um indispensável para o crente e outro proibido.
Ao usar a palavra“σπουδη” - “spoude”,no presente texto, Paulo a usa no sentido de “diligência”, “interesse”, “cuidado”, “entusiasmo” pelas coisas de Deus, no trabalho do reino. Portanto, no sentido positivo. Essa mesma palavra foi usada por ele no verso 8 do mesmo capítulo, quando exortou os lideres a serem “diligentes” no exercício da liderança (da presidência). “O que preside, com diligência!”.
“No zelo, não sejais remissos”. O adjetivo “remisso” pode significar: “descuidado, negligente, hesitante, tardio, desleixado, sem atividade, indolente, vagaroso, lento, tardo, pouco intenso, preguiçoso”.
Ante ao exposto, “zelo” refere-se ao trabalho do crente no reino de Deus e, portanto, em relação a tal trabalho, ele não pode ser desleixado, indolente, vagaroso, pouco intenso ou preguiçoso. A tradução na linguagem de hoje captou bem esse sentido quando traduziu o texto nos seguintes termos: “Trabalhem com entusiasmo e não sejam preguiçosos”.
Paulo não está falando da falta de zelo pelas coisas de Deus, nem tão pouco, está exortando os crentes a terem zelo. O foco do apóstolo está na maneira de exercitar esse zelo. O desejo dele era que os crentes não fossem preguiçosos ou indolentes, nem indiferentes, mas, que fossem ativos e animados nas coisas e na causa do Senhor. A exortação de Paulo se coaduna com o conselho de Salomão: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” (Eclesiastes 9.10). Ele mesmo repete a mesma exortação em relação aos colossenses: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Colossenses 3.23).
Paulo sabia que era possível fazer a obra do Senhor sem alegria, motivação ou entusiasmo, como que por obrigação. Sabia também, que muitos a fazia com tristeza, com “as mãos decaídas” (Hb12.12), ou seja, mãos enfraquecidas como resultado de cansaço ou desânimo, para o apóstolo, agir assim era negligência.
Na parábola dos talentos, em Mateus 25.14-30, Jesus chamou de “negligente” (v. 26) aquele que aplicou mal o dinheiro do patrão. A palavra usada por Jesus é a mesma que Paulo usou para “remisso” “οκνερος” – “okneros”. Em ambos os casos, fica claro que o problema não era a falta de serviço, mas, como o mesmo deveria ser executado. O risco era a falta de motivação, de entusiasmo (interesse, primazia) pelas demandas (o trabalho) do reino.
No geral, temos vivido uma época de muito pouco entusiasmo para com as coisas de Deus. Muitos não têm tratado o trabalho do reino com a devida urgência e relevância. Na prática, muitos talentos e dons, têm sido enterrados, negligenciados.
Para combater essa apatia, Paulo completa a sentença: “sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor". Já vimos que é possível fazer a obra do Senhor de maneira indiferente, sem entusiasmo. Porém, Deus quer que sejamos fervorosos em espírito, que o nosso coração esteja cheio de fervor ao servirmos em Seu reino.
A palavra fervor (“fervorosos”) “ζεω” – “zeo”, pode significar “ferver, ser quente, espírito fervoroso, dito de zelo para o que é bom, desejo muito intenso; entusiasmo; paixão; fanatismo”. Ela descreve o espírito em estado de chamas, que arde. Apolo era um servo que tinha um espírito fervoroso (Atos 18.25). É assim que Deus quer que O sirvamos, com um entusiasmo espontâneo. “Aqui está o antídoto contra a indolência espiritual: ser quente (entusiasmado) no espírito”.
“Servindo ao Senhor”. A Bíblia deixa claro que o trabalho do Senhor em Seu reino, não é opcional, do tipo ponto facultativo, “vai quem quer”, mais sim, imperativo. Na qualidade de servos, comprados pelo Seu sangue, é nossa obrigação fazê-lo!Sendo assim, servir a Cristo é uma obrigação que deve ser cumprida com alegria e fervor (entusiasmo).
Finalizando, do que foi dito acima a conclusão é simples: quem não é remisso no zelo, ou seja, preguiçoso (negligente, desleixado, indolente) no trabalho da Igreja, mas fervoroso de espírito, esse sim, verdadeiramente serve ao Senhor!Seja qual for o seu serviço no reino de Deus, faça-o com muito entusiasmo e bem feito (Colossenses 3:23; 1 Coríntios 15:58).
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
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