terça-feira, 17 de maio de 2011

A alegria que nasce da esperança, a paciência que nasce da adversidade, a oração que rega ambas!



 “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”
(Romanos 12:12 ARC)

                Nesta pastoral trataremos da terceira virtude recomendada pelo apóstolo Paulo, a saber: “regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes”. Na realidade, como expressou João Calvino (10 de Julho de 1509 - 27 de Maio de 1564), em seu comentário a respeito da carta aos romanos (páginas 448-449), “estes três conselhos se entrelaçam e parecem depender do anterior — ‘servindo ao tempo’. A pessoa que põe sua alegria na esperança da vida por vir, e suporta suas tribulações com paciência, também está pronta a dedicar-se ao tempo e se vale da oportunidade de marchar com vigor em busca de seu alvo”.
                Segundo Calvino, a mente do crente deve estar firmada no céu, para que experimente a verdadeira alegria que é sólida e plena. “Se a nossa alegria repousa na esperança da vida por vir, esta esperança gerará em nós paciência na adversidade, visto que nenhum sentimento de pesar será capaz de fazê-la sucumbir. Portanto, estas duas coisas se acham estreitamente relacionadas entre si: A alegria que nasce da esperança, a paciência que nasce da adversidade. Somente a pessoa que aprendeu a buscar sua felicidade para além deste mundo, com o fim de reduzir e aliviar as asperezas e amarguras da cruz com a consolação da esperança se sujeitará calma e tranquilamente a carregar a cruz”.
                Seguindo o raciocínio de Calvino, a alegria que nasce da esperança e a paciência que nasce da tribulação, somente são consolidadas pela prática perseverante da oração; assim sendo, “devemos permanecer constantemente em oração e invocar continuamente a Deus, para que ele não permita que nossos corações desmaiem e se misturem com o pó, ou seja, destroçados pelas calamidades. [...] Mesmos os mais fortes dentre nós são incapazes de suportar esses revezes, sem a frequente reaquisição destas energias. Mas a diligência na oração é o melhor antídoto contra o risco de naufragarmos”.
                Certamente, em muitos momentos (ou quase todos), a solução para suportarmos e vencermos as adversidades (tribulações e provas) está na “paciência - perseverança” que nos leva a continuar confiando em Deus fielmente, apesar das circunstâncias. “Escolher alegria através da esperança ao invés de desespero; escolher perseverança paciente nos tempos de aflição; e escolher fidelidade à oração são todas decisões da nossa vontade para confiar que, o Deus que ressuscitou Jesus dos mortos, também pode mudar as nossas circunstâncias, porque Ele ouve a nossa voz”. Não tenho dúvidas, de que esta é a solução!
                “Alegrai-vos na esperança”, na visão de Paulo, significa crer que todas as promessas se cumprirão e que a despeito das adversidades, como Jó, podemos nos alegrar na esperança da ressurreição, dizendo: "Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a Terra” (Jó 19:25) e como Habacuque: “ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente” (Hb 3:17-19 e Tt 2:13).
                “Sede pacientes na tribulação”. Por “paciência – perseverança” (“πομένοντες” - “hupomenontes”), o apóstolo quer dizer: “estabilidade, constância, tolerância, a característica da pessoa que não se desvia de seu propósito e de sua lealdade à fé e piedade, mesmo diante das maiores provações e sofrimentos, com paciência espera por alguém ou algo lealmente”. A ideia de “paciência” não é aquela atitude de pessimismo e de passividade, comuns às pessoas que não podendo evitar o desagradável, enterram a cabeça na areia como a avestruz e esperam a tempestade passar. Não se trata de uma atitude ativa e resignada. Paulo estava indo para Jerusalém e sabia que cadeias e tribulações o esperavam (Atos 20.23), mas aprendeu a gloriar-se nelas (Romanos 5.3) e tinha a certeza de que elas não poderiam separá-lo do amor de Cristo (Romanos 8.35). Disse Tiago: “Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”, e completa: “sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. (Tg1:12 e 5:7).
                “Perseverai na oração”, significa que devemos estar prontos e continuamente ligados ao Senhor por meio da oração. A oração não é somente um meio de graça, mas, indiscutivelmente, a mais poderosa arma à disposição dos crentes (Sl 145:18).
                Pela fé o crente vê além dos sofrimentos, das provas e das tribulações e, por isso, alegra-se na certeza de que Deus cumpre as Suas promessas. “Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (2ªCr 20:15).
O nosso horizonte não deve ser limitado àquilo que é visível. (Hebreus 11.23-27; 2ªCoríntios 4.16-18).“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”.

Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...