“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
(Romanos 12:21)
Com esta devocional, encerraremos uma série de oito pastorais sobre as virtudes cristãs recomendadas pelo apóstolo Paulo, como indispensáveis ao testemunho cristão.
Ao longo destas devocionais, vimos que a vida do cristão verdadeiro deve ser marcada pelo amor sincero e autruísta (sem hipocrisia, cordial e humilde, generoso, empático, abençoador, pacífico e pacificador); pela justiça prática (detestando o mal e apegando-se ao bem); pelo zelo no trabalho (com fervor e constância), e; pela firmeza na esperança em Cristo (com alegria, paciência e oração perseverante).
Por conseguinte, vimos, também, que a despeito das dificuldades, oposições, perseguições e sofrimentos de toda ordem, pelos quais, impreterivelmente, os crentes têm que passar, cada servo de Deus é exortado a enfrentar todas as circunstâncias com entusiasmo, alegria e oração, sem perder a esperança e, contrariando as características naturais do homem contemporâneo (2Tm 3:2-5), a generosidade e a solidariedade devem ser marcas visíveis da sua identidade cristã, especialmente, considerando a proximidade do fim, a volta do Senhor Jesus (1 Pedro 4:7-11).
Na realidade,o tema do amor no seio da comunidade cristã é a virtude que permeia todas as recomendações paulinas. Na visão do apóstolo, a Igreja deve ser uma comunidade de amor e os seus membros a personificação desse amor com todas as suas virtudes. Por causa do amor que deve permear toda a prática cristã, indistintamente dispensado aos irmãos, amigos e inimigos, o apóstolo conclui que é possível vencer o mal.
Segundo o apóstolo Paulo, a única e infalível arma capaz de vencer o mal, é o bem. O bem que é fruto do amor, que por sua vez, é fruto do Espírito Santo. O amor é o único poder com força para consumir e derrotar o mal. O propósito da prática das virtudes recomendadas, “das manifestações do amor, é o mesmo propósito de Cristo sobre a cruz: vencer o mal com o bem”.
Nesse contexto Sêneca (Lúcio AneuSêneca, filósofo romano 4a.C. – 65 d.C.) disse: “Vicient malos, pertinax bonitas”, ou seja, “derrota os males aquele que é teimosamente bom”, ou então, “a bondade constante derrota os males”. Em essência a principal exortação desta virtude é que devemos abster-nos do mal, pessoalmente; abominá-lo por princípio; e, vencê-lo na (e por meio) prática, cotidianamente.
“Nesta nossa vida, toda luta é contra a perversidade. Se tentarmos retaliar, admitimos que fomos enganados por ela. Mas se, ao contrário, ao mal revidarmos com o bem, demonstramos por esse mesmo ato um invencível equilíbrio do espírito. E esta é a mais gloriosa espécie de vitória” (Calvino). Ainda segundo o reformador, quem tenta “vencer o mal com o mal, talvez até consiga vencer seu inimigo com algum dano, mas tal coisa será sua própria ruína, pois, ao agir assim, estará participando da batalha do diabo”.
Paulo escrevendo aos Tessalonicenses disse: “Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos” (1 Ts 5:15) e, no mesmo contexto, admoesta aos Gálatas nos seguintes termos: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6:9-10).
Vencer o mal é possível e é o propósito divino para todos os crentes. O mal a ser vencido é prático e não ideológico, é real, presente e persistente. Fica claro que a ordem para vencermos o mal, pressupõe a prática do bem. O que o apóstolo quer dizer é que “aquilo que o crente faz é ainda mais importante do que aquilo que ele diz”. Por isso, somente venceremos o mal, com a prática do amor!
Por fim, a suma é: em tudo e em todo o tempo, o crente tem que ser bênção e abençoador, sem o direito de fazer qualquer acepção, esse é o exemplo deixado pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
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