terça-feira, 17 de maio de 2011

Abençoar sempre!



“Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante os homens; se possível, quanto depender de vós: tende paz com todos os homens!” (Romanos 12:14, 17-18).

                Dando sequência à sua exposição das virtudes indispensáveis na vida dos crentes em Cristo Jesus, o apóstolo Paulo procura deixar claro que na medida em que os crentes crescem na graça e no conhecimento de Jesus, precisam revelar o caráter dEle em sua prática cristã. Na realidade, tais virtudes, são implicações naturalmente decorrentes da nova aliança.
                Jesus Cristo é a nossa maior bênção e é nEle que Deus nos “abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais”, na verdade, não há bênção que não nos tenha sido garantida “por meio dEle”. Deus é Deus abençoador e os seus eleitos foram chamados precisamente para esse fim.
                Abençoar sempre, nunca amaldiçoar, fazer o bem a todos e lutar pela paz, são virtudes que precisam estar presentes na vida e na prática dos crentes.
                Nesta seção Paulo, conforme interpreta Calvino, recomenda uma prática “demasiadamente difícil e completamente contrária à natureza humana”, contudo o reformador complementa dizendo que, “nada há que seja tão árduo que não possa ser dominado pelo poder de Deus; e este jamais falhará, contanto que não deixemos de pedir-lhe que nos conceda seu poder”.
                “Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis”, na essência, o apóstolo está requerendo que os servos de Deus sejam abençoadores em todas as circunstâncias, o que na maioria das vezes, não é fácil, principalmente, se considerarmos o verdadeiro sentido do que significa “abençoar”.
                “Abençoar”, no hebraico é “ברךbarak” e significa “conceder poder a alguém para alcançar prosperidade, longevidade, fecundidade, obter sucesso e muitos frutos”. No grego é “ευλογεω” “eulogeo” e significa “invocar bênçãos, pedir a bênção de Deus sobre algo, fazer prosperar, tornar feliz, conferir bênçãos a”. O conceito de multiplicação está contido neste termo.
                É nesse sentido que Deus instituiu uma benção que os sacerdotes deveriam ministrar ao povo para que este pudesse sempre ser bem sucedido, senão vejamos: “Disse o Senhor a Moisés: Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel e dir-lhes-eis: O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz. Assim, porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Nn 6:22-27).
                Por esses e outros motivos, as virtudes dessa seção se revestem de especial significado e de grande desafio, visto que, “abster-nos de amaldiçoar os nossos inimigos não é tão difícil quanto abençoá-los e orar para que Deus lhes conceda Seu favor e graça. Fazer isso é difícil, mas é isso que significa amar” (RC Sproul). Realmente é mais difícil abençoar os que nos perseguem ou nos causam algum mal, do que abster-nos da vingança ao sermos afrontados. Em outras palavras, podemos até ignorar a vingança, mas, temos muitas dificuldades e resistências quanto ao desafio de orar e abençoar os que nos ofendem. “Não obstante, Deus, através da sua Palavra, não só impede nossas mãos de praticarem o mal, mas também domina os sentimentos de amargura que saturam nossos espíritos” (Calvino).
                A exortação de Paulo, na realidade é dupla, tem relação com “refrerear a paixão de nossa ira” e, também, incentivar a oração em favor dos nossos ofensores e, novamente citando Calvino, é indispensável que eles “descubram que nosso perdão inclui também preocupação por eles; e caso venham a perecer, que provenha de seu próprio arbítrio e não do nosso”.
                “Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante os homens; se possível, quanto depender de vós: tende paz com todos os homens!”, nesta parte, Paulo está falando especificamente do comportamento do crente em meio aos não crentes e, nesse ambiente, ele tem que brilhar com alguém justo, honesto, do bem e pacificador.
                Não podemos nos esquecer de que as pessoas (o mundo) nos observam e querem saber quem somos. O testemunho do crente (a sua vida - 2Co 3:2-3) é o lastro da sua fé. Naturalmente, as pessoas buscam uma oportunidade para ferirem quem os ferem, na verdade, não querem sair por cima, querem passar por cima, mas segundo o apóstolo, isso é mal, é manifestação da corrupção que reina no coração do homem e um exemplo de mal moral.
                Embora o desejo de vingança seja natural para o homem sem Cristo, tem que ser abominado pelo crente. “Esse não é o modo como a vida cristã deve ser. Não devemos pagar o mal com o mal”, mas sim, procurar “fazer coisas nobres diante de todos os homens” e, sempre que estiver ao nosso alcance, lutar pela paz. Segundo RC Sproul, nesta seção Paulo está falando de problemas cujas possibilidades de resolução estão ao nosso alcance. Nesse sentido é nossa responsabilidade promover a resolução, ou seja, a paz. Enquanto depender de nós, temos que fazer a nossa parte, custe o que custar! Isto significa Abençoar sempre!

Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá

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