terça-feira, 17 de maio de 2011

Solidariedade Cristã



“Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Romanos 12:13, 15).

                Uma rápida leitura do nosso texto básico em outras versões ressalta ainda mais a relevância e urgência da solidariedade cristã, senão vejamos: “Repartam com os irmãos necessitados o que vocês têm e recebam os estrangeiros nas suas casas. Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram” (NTLH). “Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade. Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram” (NVI). “Quando os filhos de Deus estiverem em necessidade, sejam vocês os primeiros a ajudá-los” (B.V.).
                Alertando ao seu filho na fé, o apóstolo Paulo fala a Timóteo sobre os males e as corrupções dos últimos dias e profetiza que tempos difíceis virão, nos quais “os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes [...], mais amigos dos prazeres que amigos de Deus” (2Tm 3:2-5) e, deixa claro, a possibilidade de tudo isso acontecer dentro da Igreja visível. Por isso, Timóteo deveria ficar atento e fugir destas pessoas! Por outro lado, na visão do apóstolo, os verdadeiros crentes deveriam manter-se firmes, imitando a prática dos primeiros cristãos, conforme Atos 4:32: “da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum”.
                O apóstolo Pedro, da mesma forma, considerando a proximidade do fim (a volta do Senhor Jesus), sobre a solidariedade cristã, nos admoesta nos seguintes termos: “Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações. Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados. Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração. Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus [...] se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence à glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Pedro 4:7-11).
                Considerando que de fato vivemos dias difíceis, nos quais, a maioria das pessoas, cada vez mais ensimesmadas e egoístas, busca a sua própria e exclusiva felicidade, em detrimento dos outros, a admoestação do apóstolo Paulo recomendando-nos a prática da virtude da solidariedade cristã, embora pareça uma ‘voz clamando no deserto’, torna-se ainda mais relevante e urgente.
                Particularmente neste texto, Paulo distingue solidariedade cristã de responsabilidade social. A despeito da Bíblia, também falar da nossa responsabilidade social em relação aos pobres e necessitados em geral, a virtude recomendada aqui, na realidade é específica, trata-se da solidariedade entre os “santos”. Certamente, Paulo estava pensando nos crentes da própria comunidade, por conseguinte, na solidariedade como testemunho e expressão do amor de Cristo na vida dos crentes.
                O verbo “compartilhar” (“κοινωνεω” –“koinoneo” de “koinonos” e “koinonia”) significa “estar em comunhão com, tornar-se um participante, tornar-se um companheiro, entrar [andar] em comunhão, fraternidade, participação conjunta, relação, comunhão, intimidade que demonstra compromisso e prova de comunhão”. Isto quer dizer que, para os cristãos, a solidariedade é ‘modo de vida’. Vale notar que neste particular, Paulo não está falando de dar, mais sim, de compartilhar. O apóstolo está falando de participação, de envolvimento, de intimidade e compromisso, em outras palavras, dos deveres do amor.
                Além do aspecto de dar, de tirar do que é nosso, há o custo do envolvimento pessoal. Para sermos bons cristãos, temos que aprender a compartilhar as necessidades. Não apenas dar, mas nos associarmos nas carências dos outros. Calvino, interpretando o texto diz “que devemos aliviar as necessidades dos nossos irmãos, como se estivéssemos socorrendo a nós próprios”.
                Neste mesmo contexto, Paulo também nos exorta à prática da hospitalidade, que é uma forma de solidariedade cristã e, sem dúvidas, é uma maneira de compartilhar as necessidades dos santos. A palavra não apenas inclui a ideia de abrir a porta da casa e da despensa, mas, sim, do coração, pois é hospitalidade oferecida e isto com bondade.
                A hospitalidade é algo que devemos procurar fazer com prazer. O verbo “praticai” significa “perseguir, esforçar-se diligentemente por fazer”. A hospitalidade exige sacrifício, o sacrifício da privacidade, de tempo e de recursos financeiros, contudo, os seus benefícios e resultados ultrapassam em peso qualquer esforço, sacrifício ou despesas financeiras (Hb13:1-2). Abraão praticou esta ação e fê-la com esmero (Gn 18: 2-8).
                O amor ao próximo, que inclui a hospitalidade, é um chamado para todo cristão. Aquele que serve ao Senhor deve ser: “antes, hospitaleiro, amigo do bem [...]” (Tt 1:8), e a Bíblia diz mais: “sede mutuamente hospitaleiros sem murmuração” (1Pe 4:9). Essa prática não é apenas uma questão subjetiva de escolha e sim um mandamento para a vida cristã.
                “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”, com essa recomendação, Paulo complementa o seu pensamento dizendo que a vida cristã é envolvimento, significa compartilhar até sentimentos. Na visão do apóstolo dos gentios, o crente deve procurar se envolver profundamente com os “santos”, a ponto de conhecer detalhes da vida deles e se associar com eles nas alegrias e nas tristezas. Provavelmente, compartilhar sentimentos é uma das necessidades mais básicas do ser humano e isso torna essa virtude recomendada ainda mais relevante e urgente. A proposta é que saibamos estar perto uns dos outros nos momentos significativos da vida cristã, tanto os alegres como os tristes. Esse envolvimento é amor cristão, é solidariedade cristã.
                Em nosso corrido dia a dia não é fácil deixarmos nossos afazeres, nossa vida e nosso tempo para nos doarmos ao próximo. Porém, é exatamente o que devemos fazer. “Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte” (Isaías 41:6).


Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá

3 comentários:

  1. Pastor bom texto. Mas o senhor só não entendeu o texto de Isaías 41. Sugiro que leia o texto no contexto e veja que Isaías 41:6 é referente a dois idolatras fazendo um ídolo e um incentiva o outro a isso. Sola Scriptura.

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