“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite [...]. Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. 7 Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”
O precioso capítulo 55 de Isaías constitui-se numa profecia de conclamação do povo para a aceitação, pela fé, da salvação oferecida em Jesus. É uma profecia messiânica como, muitas outras registradas pelo profeta. Neste caso, o profeta faz dois convites, um urgente (versos 1-5) e outro solene (6-13) para que, pela fé, o povo pudesse deixar os seus maus e pecaminosos procedimentos, para se apropriar da salvação conquistada em Jesus, aqui representada pelas metáforas água, pão, vinho e leite.
O profeta Isaías, em nome de Deus e por Ele inspirado, explica que a oferta salvífica do Evangelho é indistintamente estendida a todos os que ouvem a palavra de salvação e que esta bênção (a salvação) é de graça. E, de fato, por sua incomparável relevância, teria que ser de graça, até mesmo porque as pessoas não teriam dinheiro para comprá-la, e, também, porque, pelo estado de pecado em que se encontram (antes de Jesus, ainda mortos espiritualmente), são naturalmente inclinadas a gastarem o seu dinheiro em lugares e coisas erradas, bem como, também, porque ainda se encontram sob escravidão. O pecado leva o homem a gastar o dinheiro em lugares e coisas erradas; leva-o à falência e à incapacidade de posteriormente comprar o que essencial e bom. O paradoxo apresentado pela profecia é magnífico, visto que, o que é essencial não se pode comprar com dinheiro! Portanto, o que tem dinheiro e o que não o tem, nesse particular, é nivelado, ambos não podem adquirir, por seus próprios méritos ou recursos, o único bem que realmente tem valor.
Conforme nossa ultima pastoral (publicada no boletim de 28/11/2010), o pecado cerrou o homem em um estado de condenação (à parte de Cristo todos os homens estão sob sentença de condenação eterna), de contaminação (o pecado contamina o homem, toda a sociedade e a natureza), de depravação (o pecado contaminou todos os aspectos da natureza humana), de ira (em quaisquer circunstâncias Deus sempre odiará o pecado) e, de morte (os pecadores estão num estado de morte). Portanto, fica clara a total incapacidade do homem para prover a sua própria salvação. Em outras palavras, além de culpado por causa do pecado, também, encontra-se (em termos espirituais) total e essencialmente falido. A DEPRAVAÇÃO TOTAL REPRESENTA "INCAPACIDADE TOTAL", "FALÊNCIA TOTAL". Por isso Deus disse: "Vinde a mim todos vós os que não tendes dinheiro”.
O homem está sempre em débito moral para com Deus e como ele é continuamente pecador, a cada momento o seu débito aumenta. Deste modo, o homem está sempre em dívida moral, sempre devendo mais do que seus recursos morais podem saldar. A Bíblia deixa bem claro que o pecado é uma dívida do homem para com Deus e que Deus não pode simplesmente deixar de cobrá-la. Não! Ele quer recebê-la (Êx 34:7 e Nm 14:18 ).
Assim sendo, chegamos aqui a um impasse: Deus quer receber e nós não temos como pagar. Se não efetuarmos o pagamento, seremos penalizados com a morte. Por isso, resta-nos apenas aceitar os ensinamentos de Jesus: "Perdoa-nos as nossas dívidas" (Mt 6:12). O homem não tem condições (nada tem) para pagar a Deus em troca do perdão e, assim sendo, deve depender do perdão gratuito de Deus. Só Deus pode pagar pelo pecado do homem e o fez por meio de Jesus Cristo (Cl 2:14).
Para ilustrar o tamanho da dívida do homem para com Deus e a sua incapacidade de saldá-la, Jesus fez uso de uma parábola muito interessante Mt 18:23-34), senão vejamos: um homem devia (v.24 )10.000 talentos [1 talento = 6.000 denários & 1 denário = ao salário de um dia de serviço. Logo, 10.000 talentos = 60.000.000 denários, ou seja, 60.000.000 dias de serviço. Somente por curiosidade, isto significa 164.384 anos de serviço ou 1.972.596 meses de serviço. Se o caro leitor quiser continuar o exercício, transforme os números em valores monetários e responda se alguém tem dinheiro para pagar a conta?].
Sem dúvidas, o homem está falido, chafurdado e escravizado em seu pecado (Ef 2: 8,9) e, a menos que seja anistiado por Deus (o único credor), certamente, estará totalmente perdido.
A grande bênção desta profecia, diante da situação acima exposta, está na declaração de que “o nosso Deus é rico em perdoar”, por isso, a conclusão não poderia ser mais enfática: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor”, somente assim gozaremos das bênçãos profetizadas nos versos 12 e13, referindo-se à segunda vinda do Senhor Jesus. Que venha o verdadeiro avivamento!
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá-MT
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