“Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tiago 1:19-20).
Explicitamente a Bíblia, do início ao fim, fala de relacionamentos e, à luz dos propósitos eternos de Deus, a família é o lugar ideal para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e, sem dúvidas, a comunicação no lar, especialmente, quando fundamentada na Palavra de Deus, se constitui em ferramenta absolutamente indispensável.
Dentre outras características, a comunicação no lar somente propiciará relacionamentos saudáveis se for sincera, transparente, objetiva, despretensiosa e comprometida. Nesse sentido, na realidade, a comunicação no lar é a arte de aprender a falar e ouvir, diuturnamente.
A Bíblia nos fornece alguns conselhos importantíssimos para obtermos um bom nível de comunicação no lar, ao mesmo tempo em que, também, nos mostra algumas atitudes que a prejudica.
Do ponto de vista negativo, salta-nos aos olhos, dentre outras, as seguintes atitudes que prejudicam, inviabilizam e até deturpam os objetivos da comunicação no lar: a).Falta de habilidade e sensibilidade espiritual para se comunicar (não procurar conhecer o momento e nem o propósito de Deus para a comunicação); b).Falta de transparência (incapacidade de se abrir causada por bloqueios, complexos, traumas ou pecados não confessados); c). Falta de condescendência/brandura (causada pela indisposição para o perdão e acúmulo de ira, orgulho, vaidade, desonestidade, mentira, inveja, cobiça, ambição, etc.).
Do ponto de vista positivo, à luz da Bíblia, o Pr. Jaime Kemp (americano radicado no Brasil desde 1967, doutor em "Ministério da Família", fundador da Sociedade Religiosa Lar Cristão, escritor de mais de 40 títulos editados por várias editoras cristãs brasileiras), em seu curso sobre o lar cristão, apresenta as seguintes “dicas” para uma boa comunicação no lar: “a).Ser sempre um bom ouvinte e não responder enquanto a outra pessoa não terminar de falar (Tg.1:19; Pv.18:13);b). Pense bem antes de falar, saiba que o precipitado sempre erra e peca (Pv.21:23; 15:23-28);c).Fale de maneira clara, audível e inteligível e, fale sempre a verdade, mas sempre com amor. Evite exageros (Ef. 4:15, 25; Cl.3:9); d).Nunca responda com raiva. Use palavras brandas (Pv. 14:29; 15:1; 25:5; 29:11; Ef. 4: 26, 31); e).Quando necessário, discordar sem brigar. Sim, é possível! Enquanto depender de você, evite aborrecer o seu cônjuge (Pv. 10:19; 17:9; 20:5); f).Evite usar o silêncio para frustrar o cônjuge. Expresse suas emoções de maneira correta. Nunca acuse, procure expressar seus sentimentos; g).Quando estiver errado admita o erro e peça perdão, assuma as suas responsabilidades e não fique empurrando as coisas com a “barriga” ou jogando a culpa nos outros. Seja sempre honesto e troque a crítica pelo incentivo, procure restaurar, apoiar, encorajar e edificar(Tg. 5:16; Gl.6:1; Rm.14:13; 1ªTs.5:11) e; h). Escolha o tempo e o lugar certos para se comunicar. Seja estratégico! (Ef. 4:26; Pv. 15:23)”.
Ante ao exposto, em face da relevância da comunicação no lar,fica claro que comunicar é muito mais que conversar sobre qualquer assunto, significa aprendizado, disciplina para “expor com franqueza e honestidade os sentimentos mais profundos, significa a verdadeira aproximação de duas almas”. Assim sendo, não nascemos formados na arte da comunicação, trata-se de algo que precisamos aprender a cada dia e todos os dias. É como se fosse um jogo onde ao longo do campeonato pode-se ganhar e perder, contudo, ao final, todos podem ser vencedores.
Infelizmente, a maioria dos problemas na família está diretamente relacionado ao fator comunicação, ou por causa de uma comunicação defeituosa, ineficaz (segundo Pr. Jaime Kemp isso pode acontecer pelos seguintes motivos: “a).Comunicação unilateral [somente um fala e outro se omite]; b). Comunicação intelectual [linguagem ininteligível]; c). Comunicação indireta [por recados ou por terceiros – filhos, empregadas, etc]; d). Comunicação limitada a brigas e momentos de irritação; e). Comunicação por meio de demonstrações físicas [gritos, “berros”, choros]”), ou por causa da inexistência dela (supressão mútua da comunicação - casal silencioso).Daí a comunicação ser fundamental para a saúde da família, especialmente, no contexto de um lar cristocêntrico.
Sabemos e reconhecemos a existência e influência do pecado, o que além de dificultar o exercício da boa comunicação no lar, ainda obstaculiza a busca pelos princípios e propósitos de Deus, sobre os quais um lar cristão deve ser edificado. Por isso, a comunicação no lar precisa ser tratada com muita seriedade pelas famílias cristãs, até mesmo porque, “é na família, o núcleo mais íntimo de relacionamentos, que se fazem as feridas mais profundas”. Cuidado!
“A felicidade ou infelicidade de uma família não está no fato de ter ela mais ou menos problemas”, mas na eficácia ou não da comunicação, no sucesso da arte de “compartilhar francamente os problemas e as possibilidades de solução, assim como de compartilhar os desejos, os planos, as frustrações e os fracassos”.
Finalmente podemos afirmar que aprender o que a Bíblia ensina sobre o assunto da comunicação no lar é garantia de que atingiremos o alvo de Deus para nós na relação de família. Deus quer nos abençoar em família. Coloquemos a nossa família no altar do Senhor e, certamente, ela será saudável e experimentaremos o verdadeiro avivamento.
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
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