“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Leia Romanos 6:1-14)
Definir o que é avivamento espiritual, indiscutivelmente, é tarefa árdua e extremamente difícil. Contudo, não tenho dúvidas de que é exatamente isso que os crentes comprometidos mais querem. De fato, todos os crentes gostariam de ver e fazer parte de uma Igreja viva, comprometida, rica em “consolação de amor”, “comunhão do Espírito” e “entranhados afetos e misericórdias”.
Em outras palavras, todos nós queremos uma Igreja avivada. Entretanto, somente a teremos quando cada um, individualmente, e todos, coletivamente, decidirem pagar o preço da santidade pessoal e prática.
Nas últimas pastorais estudamos sobre o pecado e já sabemos que se trata de algo muito sério, com o qual não podemos brincar, nem tampouco, baixar a guarda. A luta contra o pecado é diuturna e o segredo para a vitória é a busca pela santidade.
O conceito de santidade pode parecer um tanto arcaico para o nosso tempo. Para muitos, inclusive na Igreja, o termo evoca imagem de cabelos enrodilhados de trás da cabeça, semblante sisudo e compenetrado, saias compridas e meias pretas (vestuários ou aparências), ou aparece associado a determinados estereótipos e a chavões. Em alguns círculos, a santidade é identificada com uma série de proibições (não isso, não aquilo, etc...), em outros, com determinadas atividades (vigílias, jejuns, correntes de orações), que mesmo tendo significado e valor, não constituem a essência da santidade, da espiritualidade integral (veja Isaías 58).
O termo “SANTO” aparece, em diversas formas, mais de 600 vezes na Bíblia. Ser santo é ser moralmente irrepreensível. É ser separado do pecado e, portanto, consagrado a Deus. O termo significa “SEPARAÇÃO PARA DEUS”. A Bíblia está cheia de orientações sobre a conduta apropriada aos que são separados (Fp 1:27). Contudo, para acatar estas orientações, é mister entender o conceito bíblico de santidade. E, a melhor maneira de fazer isso é notar como os escritores no NT usaram a palavra, senão vejamos:
O apóstolo Paulo usou a palavra santidade em contraste com uma vida de imoralidades e impurezas (Leia 1ªTs 4:1-8 – “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais [...] porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação.”).
O apóstolo Pedro a usou em contraste com uma vida voltada para os desejos ímpios (Leia 1ªPe 1:14-16 – “[...] segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento”);
Ao usar a palavra santidade, o apóstolo João a usou em contraste com os que fazem o mal e são perversos (Leia Ap 22:11-12 – “continue o injusto [...] e o santo continue a santificar-se”).
“VIVER UMA VIDA SANTA É, POIS, VIVER UMA VIDA EM CONFORMIDADE COM OS PRECEITOS MORAIS DA BÍBLIA E EM OPOSIÇÃO AOS CAMINHOS PECAMINOSOS DO MUNDO”. É um despir-se e um revestir-se ininterrupto (Ef 4:22-24 e Tt 2: 11-14).
Contudo a questão é: se a santidade é tão básica para a vida cristã, por que muitos a negligenciam? Por que tantos cristãos se sentem derrotados em sua luta diária contra o pecado? Por que muitas Igrejas parecem mais conformadas com o mundo do que com Deus?
Mesmo correndo o risco de simplificar demasiadamente, sugiro três motivos (problemas) básicos em resposta às perguntas acima, a saber:
1. Um conceito errado de pecado - Por não saberem o que é pecado, muitos não tratam o pecado como pecado. Muitos classificam os pecados em duas categorias: OS INACEITÁVEIS E OS TOLERÁVEIS (sobre o pecado leia ou releia as pastorais anteriores); 2. Um conceito errado de obediência/desobediência - Hoje temos um conceito relativo de obediência e desobediência. Às vezes, tais conceitos são influenciados por condicionamentos sociológicos ou por conveniências. Não se leva em consideração a santidade de Deus e nem a exigência incondicional de obediência que Ela faz. Na prática, Deus não é Deus; 3. Um conceito errado do que significa “viver pela fé” - Para muitos, “viver pela fé” (Gl 2:20) significa não ter nenhuma responsabilidade e não fazer nenhum esforço em relação à santidade.
Sem dúvidas, a fé em Cristo é a raiz de toda a santidade, bem como, que a fé é dom de Deus, contudo, as Escrituras ensinam que, para seguir a santidade, o verdadeiro cristão precisa de esforço pessoal e trabalho, bem como de fé.
Finalizando, SANTIDADE PESSOAL é uma questão de se estar disposto a chamar o pecado de pecado. É uma questão de se decidir obedecer a Deus em todas as áreas da vida, por mais insignificante que possa parecer o assunto (“importa obedecer a Deus” – At 4:19-20 e 5:29). É uma questão de se estar disposto a assumir responsabilidade pelo pecado pessoal, reconhecendo que “viver pela fé” é se esforçar para mortificar o velho homem a cada dia e, concomitantemente, revestir-se do novo. Que venha o verdadeiro avivamento!
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá-MT
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