quarta-feira, 30 de novembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
DOMÍNIO PRÓPRIO: ESSÊNCIA DA OBEDIÊNCIA
“Como cidade derribada, que
não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio” (Provérbios 25:28).
Já sabemos que a obediência é a mola
mestra para o desenvolvimento do caráter cristão, visto quea santidade começa
na mente e se expressa nas ações e isto será impossível se não houver uma
atitude de diligente obediência em todas as áreas da vida. Nesse sentido, o
domínio próprio torna-se absolutamente indispensável. Na essência, a obediência
tem relação com retidão e prática, por conseguinte, sem a virtude do domínio próprio
(temperança), ninguém conseguirá ser obediente. A falta de temperança sempre
revelará um caráter deficiente!
Um
homem sem domínio próprio é um homem sem freios, vive desgovernadamente, se
torna um grande perigo para si e para os outros, principalmente, para os mais
próximos.
Na
visão do sábio Salomão, o homem sem domínio próprio assemelha-se a uma cidade
sem muros e, o justo que perde a temperança diante do perverso, a um poço
contaminado, fonte de água barrenta (Pv 25:26, 28).
Antigamente,
os muros de uma cidade eram extremamente importantes, representavam segurança e
garantiam proteção contra os ataques quase sempre cruéis e fatais dos inimigos.
Proporcionavam paz e vida aos seus moradores. Com sabedoria, o provérbio ensina
que quem não se domina é como uma cidade sem muros, por
conseguinte, encontra-se desprotegido. Autocontrole ou o domínio próprio é o
muro de defesa que se opõe aos desejos pecaminosos que fazem guerra contra a
alma. Sem autocontrole a pessoa se torna presa fácil para qualquer espécie de
invasor.
A
Bíblia fala da temperança
(domínio próprio) como uma das qualidades do fruto do Espírito (Gl5: 22-23).
Portanto, indispensável na prática cristã!
O
Novo Testamento usa duas palavras, comumente traduzidas por domínio próprio ou
temperança, a saber: “εγκρατεια” – “egkrateia” de “kratos” (força)
significa “autocontrole”, “temperança”,
“moderação”, “sobriedade” (virtude de alguém que domina seus desejos, paixões e
apetites) e, “σωφρων” – “sophron”
significa "sensatez",
"ser de mente sadia", “equilibrado” (moderação apropriada que não
deixa a pessoa ir além dos limites determinados, pessoa que freia os próprios desejos e impulsos).
Platão
fala de “egkrateia” como o domínio dos prazeres e dos desejos. Aristóteles
afirmou que: “À ‘egkrateia’ pertence a capacidade de refrear o desejo pela
razão” (Das Virtudes e dos Vícios, 5.1).
“Toda a iniquidade torna o homem
mais injusto, e a falta de domínio próprio parece ser [a mais terrível] iniquidade.
O homem descontrolado é o tipo de homem que age de conformidade com o desejo e de
modo contrário ao raciocínio e, descontrolado agirá injustamente, segundo o seu
desejo” (Ética a
Eudemo, 2.7.6).
Segundo o apóstolo Paulo, o cristão
precisa fazer uso correto das bênçãos concedidas por Deus, inclusive, da liberdade
recebida em Cristo, por isso disse: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade;
porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne”, e mais, “vede, porém,
que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os
fracos” (1 Co 8:9;Gl 5:13).
O domínio de si mesmo é algo extremamente difícil e somente o Espírito de
Deus poderá nos levar a alcançá-lo de modo pleno, no entanto, apesar de
difícil, é valioso devido às bênçãos que ele proporciona (Pv 16:32). Em termos Bíblicos e práticos, o
domínio sobre o desejo descontrolado e insaciável não poderá ser alcançado sem
o auxílio e a direção do Espírito Santo (Rm 8:12-14; Gl 5:22-23).
A
verdadeira santidade inclui o domínio sobre
o corpo e a mente. Deus exige santidade no corpo e nos pensamentos (1Co 9:27 e
2 Co 10:5). É nesse contexto, que o domínio próprio se reveste de essencial
importância para a credibilização do caráter (testemunho) cristão.
Seguir
a santidade significa reconhecer que o corpo é templo do Espírito Santo e que
devemos glorificar a Deus com ele, bem assim, que os nossos pensamentos devem
ser controlados e submetidos à obediência de Cristo Jesus. Paulo nos alerta
contra a possibilidade de controlar o corpo e deixar os pensamentos sem freios
(Cl 2:23).
O cristão precisa entender que os
seus pensamentos são tão importantes quanto as suas ações e que Deus tem
conhecimento de ambos. Deus deseja dominar todas as áreas da nossa vida! (Sl 139:1-4
e 1Sm 16:7; 1Co 7:9; 9:25; Tg 3: 2, 8).
Tenha sob absoluto domínio a mente, a
língua, a ira, o mau gênio, o temperamento, os complexos, a vaidade, as
circunstâncias, as emoções e os apetites da carne. Esta é uma tarefa que o
cristão não conseguirá sozinho. Busque o auxílio de Deus, mantenha comunhão com
Ele por meio da oração, leitura da Palavra e jejum.
“A Soberba precede a Queda!”
A principal lição do 11 de Setembro de 2001
“A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas fendas das
rochas, na tua alta morada, e dizes no teu coração: Quem me deitará por
terra?Se te remontares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas, de
lá te derribarei, diz o Senhor” (Obadias 1:3-4).
O
dramático e terrível ataque terrorista ocorrido na manhã do dia 11 de Setembro
de 2001 (exatamente às 8h48m e 9h03m locais), que destruiu as duas torres do
maior conjunto comercial do mundo, o World Trade Center, em Nova Iorque,
alvejados por duas aeronaves comerciais Boeing 767, com um total de 157
passageiros a bordo, causou um profundo estrago no prédio do Pentágono e a
violenta e imediata reação do governo dos Estados Unidos, expôs para o mundo
inteiro muitas lições, especialmente, sobre a soberba (o orgulho), assim como,
se o “Senhor não guardar a cidade, em
vão vigia a sentinela” (Salmo 127: 1).
O fatídico 11 de setembro,
ocorrido há exatos 10 anos, proporcionou em escala mundial inúmeras reflexões e
debates (científicos, sociológicos, políticos, econômicos e religiosos), muitos
deles, extremamente relevantes.
Sem
pretensões relacionadas às ciências sociopolíticas, bem como, sem querer
espiritualizar os fatos ocorridos há 10 anos, quero apenas relacioná-los ao
princípio Bíblico de que a soberba e a queda, guardam entre si, uma profunda
relação de causa e efeito, ou seja, a soberba sempre conduzirá à queda (ruína)
ou, a ruína sempre será precedida pela soberba (orgulho). Daí a grande
preocupação Bíblica com o assunto, que diga-se de passagem, os EUA dos nossos
dias, parecem não ter aprendido.“A soberba precede a ruína,e a
altivez do espírito, a queda”.“Em vindo a soberba, sobrevém a desonra,mas com
os humildes está a sabedoria” (Provérbios 16:18 e 11:2).
Segundo
o jornalista Paulo Pontes, âncora do Jornal da Manhã da Jovem Pan, “a soberba
americana não muda nunca [...]. A arrogância americana não permite que Barak
Obama admita que os EUA estão falidos”.
A
Bíblia diz que a soberba engana o coração, Obadias, escritor do terceiro menor livro da
Bíblia, profetiza essencialmente contra Edom, descendente de Esaú, filho de
Isaque, irmão (gêmeo) de Jacó, por soberbamente desprezar a Judá e confiar nas
suas fortalezas edificadas sobre as escarpas montanhosas do Sul.
Da
profecia de Obadias, dentre outras, podemos destacar as seguintes lições: 1).
Deus abomina a soberba e sempre se levantará contra os soberbos para
humilhá-los; 2). Toda confiança que não esteja em Deus é pura vaidade e gera
soberba; 3). Nenhum soberbo poderá se esconder da ira de Deus, onde quer que
esteja aninhado, mesmo entre as estrelas, de lá será derrubado, mais cedo do
que imagina, porque o dia do Senhor está perto; 4). A soberba é pecado e Deus o
punirá pesadamente, exatamente como castigou a Edom, fazendo-o desaparecer do
mapa, para todo o sempre.
Nesse
sentido, a oração de Davi se torna ainda mais relevante quando suplica: “Também da soberba guarda o teu
servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensívele ficarei livre de
grande transgressão” e completa: “As palavras dos meus lábios
e o meditar do meu coraçãosejam agradáveis na tua presença,Senhor, rocha minha e redentor meu!”
(Salmo 19: 13 e 14).
A soberba é pecado. Alguém disse
que a soberba “só morre meia hora depois do dono”.A soberba tem muitos filhos:
orgulho, vaidade, vanglória, arrogância, prepotência, presunção,
autossuficiência, amor próprio, exibicionismo, egolatria, etc.
Podemos dizer que a soberba é a “cultura do ego”.
Podemos dizer que a soberba é a “cultura do ego”.
O soberbo se esquece de que é
uma simples criatura, em tudo dependente de Deus, por isso, rejeita as coisas
pequenas e vive procurando o reconhecimento das pessoas e geralmente se torna
preconceituoso.
A
Palavra de Deus é muito clara nos exortando a rejeitar a soberba, visto que, “olhos altivos” (soberba)vêm em primeiro
lugar na lista das coisas que Deus odeia, conforme o constante em Provérbios 6:
16 a 19.
Por outro lado, por ser o oposto
da soberba, a humildade é grande virtude, a que mais caracterizou o próprio
Senhor Jesus, que desde o nascimento em uma manjedoura, até à morte na cruz do
calvário, viveu de maneira humilde (Fp 2:5-11).
A Bíblia diz: “A soberba do homem o abaterá,
mas o humilde de espírito obterá honra” (Pv 29:23). Os EUA têm endurecido o
coração e rejeitado os ensimamentos da Palavra de Deus e, sem dúvidas, têm
começado a colher os frutos da sua desobediência.
Na visão do profeta Obadias a
soberba precede ao engano e a humilhação (vs.2-4 e 8-9; “Quem
a si mesmo se exaltar será humilhado” Mt 23:12); A vaidade e a opulência precedem a miséria (vs.5-7; “Na plenitude da
sua abastança, ver-se-á angustiado; toda a força da miséria virá sobre ele” -
Jó 20:22); A desobediência precede a ruína e o
castigo de Deus (vs.10-14).
Não somente os EUA, mas todo o
mundo, precisam saber que “de Deus não se zomba; pois
aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7).
O grande desafio para o crente é
buscar a humildade e vigiar a soberba, como diz o salmista: “Cria em mim, ó Deus, um
coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Salmo 51:10).
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da
IPB Central de Cuiabá
Bondade: A Pérola do Caráter Cristão!
“Pois, outrora, éreis trevas,
porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz(porque o fruto da
luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade),provando sempre o que é
agradável ao Senhor” (Efésios 5:8-10).
Encerrando a nossa série de
pastorais sobre as bases estruturais do caráter cristão, nesta oportunidade,
estudaremos sobre a virtude da bondade.
Não há dúvidas de que uma das
principais deficiências da atual Igreja Evangélica Brasileira é a falta de vida
cristã prática lastreada em um sólido caráter cristão. Para o nosso corar de
vergonha (Dn 9:7), de forma geral, a Igreja tem vivenciado uma verdadeira crise
existencial, por conseguinte, tem estado mergulhada em uma crise de identidade.
E, como temos visto ao longo dos últimos estudos, o problema está no caráter. O
caráter de Cristo não tem sido formado no caráter dos crentes e estes estão
cada vez menos parecidos com Cristo.
Já vimos que a obediência, a fé,
a paciência, o domínio próprio e a mansidão formam as bases do verdadeiro
caráter cristão. Destaco, porém, nesta oportunidade, que a bondade é o que
podemos denominar de “a cereja do bolo” do caráter cristão, ou seja, a pérola
que dá brilho à vida prática do crente.
Os crentes foram chamados para o
trabalho cristão (1ªPe 2:9; 1ªCor.9:16) e esse trabalho precisa refletir o caráter
de Deus (Mt 5:16). O caráter de Deus é absolutamente marcado pela bondade,
benignidade, mansidão e misericórdia. Por conseguinte, em tudo e, em todo o
tempo, o crente deve portar-se bondoso e benigno.
Essencialmente,
bondade é um dos
atributos morais e comunicáveis de Deus, faz parte do Seu ser, da Sua essência.
Deus é bom (Sl 118:1; Mc 10:18), todos os Seus atos são bons, bem como, todas
as Suas obras (Gn 1:31). Em ralação ao homem, a bondade se manifesta como uma
das características do fruto do Espírito Santo (Gl5:22-23),
portanto, como marca de quem nasceu de novo.
Quem nasceu de novo tem o
Espírito Santo, a sua vida é vivida no Espírito e, desta forma, aqueles que
vivem pelo (e no) Espírito devem encher a terra de bondade, de modo que o mundo
veja a bondade de Deus em todas as suas ações.
Embora seja a pérola do caráter
cristão, entender e viver o atributo da bondade não é tarefa fácil. O homem
nascido em pecado é mau por natureza (Gn 6:5; Sl 51:5; Mc 7:21), daí a
necessidade da intervenção do Espírito Santo, gerando e fazendo abundar no
crente o Seu fruto.“Mas o fruto do Espírito é: [...] benignidade,
bondade”.
O apóstolo Paulo apresenta dois
sinônimos para essa característica do fruto do Espírito Santo, que guardam
relação muito próxima entre si. Conquanto todas sejam produções do Espírito em
nós e por nosso intermédio, são expressões com sentidos complementares,
entretanto, distintos. São elas: benignidade e bondade.
A benignidade (“χρηστοτης” – “chrestotes” - “bondade, oposto
da irritabilidade que gera aspereza”), tem relação com brandura, suavidade,
carinho, com gentileza. Paulo se mostrou gentil para com os tessalonicenses e
recomendou a mesma atitude ao seu filho na fé, Timóteo (1Ts 2:7-8; 2Tm 2: 24).
Este aspecto da bondade tem a ver, portanto, com empatia e simpatia.
A bondade (“αγαθωσυνη” – “agathosune”- “integridade ou retidão de coração e vida, o oposto de malícia”), é uma virtude
interior que inunda todas as ações do crente, trata-se da capacidade de fazer o
bem com pureza na essência. Este aspecto pode ser muito bem exemplificado pela
vida e testemunho de dois “Josés”, o filho de Jacó e o esposo de Maria, a mãe
de Jesus. O primeiro foi essencialmente bom para com os seus irmãos (sua
família) que tantos males lhe causaram (Gn 41:51; 45:1-28). O segundo, mesmo
podendo agir com justiça e denunciar sua esposa, não o fêz, para não difamá-la
(Mt 1:19). Escrevendo aos gálatas, Paulo
os incentiva a praticarem o bem (Gl 6:10). No geral, esse termo tem o sentido de ação generosa,
liberal, grandiosa e cuidadosa, sempre de maneira altruísta.
É essa bondade magnânima que dá brilho e beleza à vida cristã, por isso,
não existe a possibilidade de um cristão verdadeiro não ser bom. A bondade
gerada no coração do cristão pelo Espírito Santo produz um comportamento magnanimamente virtuoso. O filho de Deus recebeu,
através do Espírito Santo, um novo coração (Hb8:10), por isso, é chamado para
expressar a bondade de Deus, seu pai, à todos e em todos os seus atos (1ªTs
1:11).
Para
produzir abundantemente o fruto da “bondade magnânima”, o princípio Bíblico
apresentado pelo apóstolo Paulo é o do despojamento e revestimento (Cl
3:5-11). O cristão precisa, dia a dia, identificar os
comportamentos, atitudes e pensamentos que não agradam a Deus e se livrar deles
e, concomitantemente, buscar genuinamente o fruto/obras do Espírito Santo (1ª
Pedro 2:2).
O crente faz
isso através da renovação da sua mente (Rm 12:2), reconhecendo que Deus é bom,
que a Sua bondade o alcançou (Sl 23 e Lm3:22)
e que é seu compromisso revelar o caráter de Deus em todas as suas
ações. Assim, e somente assim, o crente pode ter excelência de caráter e ser
bondoso. Enchamos a terra de bondade! Mudemos a realidade presente! Sejamos
diferentes!
Rev. Marcos
Serjo
Pastor Sênior da
IPB Central de Cuiabá
MANSIDÃO: A MARCA DE UM CARÁTER MOLDADO PELO ESPÍRITO SANTO!
“Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria,
mediante condigno proceder, as suas obras” (Tiago 3:13).
Não
é demais reafirmar que o caráter cristão é formado pelo desenvolvimento das
virtudes cristas.
A
virtude que estudaremos hoje, indispensável para a formação do caráter cristão
é MANSIDÃO, do grego “πραυτης” – “prautes” (bondade
de espírito – brandura - manso), a oitava característica do fruto do Espírito Santo
e a terceira bem-aventurança (Gl5:23; Mt 5:3).
Assim como a paciência e o domínio
próprio, a mansidão é uma virtude escassa em nossos dias, contudo, extremamente
necessária.
No
pensamento e na linguagem modernos, a mansidão não é uma qualidade admirável.
Hoje em dia, a palavra contém uma ideia de falta de dinâmica e ânimo, ou falta
de força e virilidade. Comumente achamos
que manso é aquele indivíduo que tem "sangue de barata". Realmente a
nossa língua e cultura empobrecem demasiadamente a palavra grega traduzida por
mansidão. No Novo Testamento, ao contrário de inércia, fraqueza, covardia ou
medo; a palavra grega “prautes” fala do poder de abrandar,
acalmar e tranquilizar. Fala da virtude que é "o unguento que pode aliviar a dor de uma ferida", da suavidade da
voz daquele que ama.
Na realidade é uma palavra difícil
de definir, porque não há de fato uma palavra em nossa língua que corresponda
ao vocábulo grego. O Dicionário
Colegial de Webster dá um significado mais antigo de brandura como "suportando
a ferida com paciência e sem ressentimento". Talvez não seja um significado
muito longe da palavra Bíblica, mas o grego é muito mais positivo.
Na
Bíblia, a palavra mansidão aparece com os seguintes significados, dentre
outros: Brandura (Gl6:1); Cortesia – atencioso (Tt3:2); Amável (Ef4:2); Discreto – não faz alarde (Tg 3:13);
Bondade (1ªCo4:21); Modéstia (1ªTm 3:2)
e, nas versões inglesas, ainda aparece com o sentido de humildade de sabedoria
e espírito terno que perdoa (ternura).
Podemos
dizer que a mansidão é o marketing do Testemunho Cristão, é o cartão de visitas
do crente, é a virtude de frente. Se é verdadeiro o adágio que diz "que a
primeira impressão é a que fica", sem dúvidas, a mansidão é a virtude
responsável pela primeira impressão. Esta virtude traduz um milagre de Deus,
onde Ele concilia força e delicadeza, força e suavidade.
Os
grandes sábios da antiguidade exaltaram demasiadamente esta virtude. Nos
escritos de Platão e Aristóteles ela é citada como a arma dos verdadeiros sábios
e poderosos. Platão chega compará-la a um cão de guarda que revela ferocidade e
hostilidade valente aos estranhos e amizade gentil para com os de casa, aos
quais conhece e ama. Segundo Platão, "manso é aquele que tem ao mesmo
tempo impetuosidade e delicadeza nos mais altos graus". Para
Aristóteles, mansidão ("prautes")
é a “capacidade para suportar recriminações e ofender com moderação, sem
embarcar em vinganças rapidamente, e não ser provocado facilmente à irritação,
mas estar livre de amargura e de contenção, tendo tranquilidade e estabilidade
no espírito" (Sobre Virtudes e Vícios). Isto não implica que nunca há um
lugar para a irritação no homem gentil. Certamente a pessoa que mostra "prautes" se zanga "pelo motivo
correto, e contra as pessoas corretas, e da maneira correta, e no momento
correto, e pelo tempo correto" (Aristóteles, Ética a Nicómaco)
Paulo,
em particular, exortava todos os cristãos a demonstrarem esta qualidade em suas
vidas. Para ele, a mansidão é um sinal de maturidade para todos os cristãos em
todos os seus relacionamentos (Cl3:12;Ef 4:1-4; 1ªTm 6:11).
Segundo
Calvino, “há muitos que mantêm certa aparência de mansidão e de modéstia,
enquanto não são contrariados por coisa alguma. Mas, poucos são os que
continuam a mostrar brandura e modéstia quando provocados e irritados. Tenha-se
por certo que ninguém, jamais chegará por outro caminho à verdadeira mansidão,
a não ser dispondo-se de coração a rebaixar-se a si mesmo e a exaltar os
outros. Será inútil ensinar a mansidão, a menos que tenhamos iniciado com
humildade”.
A mansidão não é uma qualidade
natural (inata), nem uma disposição que herdamos dos nossos pais. Na verdade, o
contrário é inato, ou seja, a rebelião. Mansidão só nos vem como resultado da
operação do Espírito Santo em nós. Richard Baxter (1615- 1691, líder puritano inglês) definiu
mansidão como “força sob controle”. Mansidão é
compatível com força de caráter!
À
luz dos ensinamentos Bíblicos podemos dizer que a mansidão é: essencial ao ensino–(2ªTm2:25); necessária para o aprendizado (Sl25:9);
característica dos eleitos(Cl 3:12);
preciosa diante de Deus(1ªPe 3:4); indispensável para o testemunho cristão(1ªPe
3:15); o segredo da conquista e do poder
(Sl 149:4 e Mt 5:5); necessária para o
cristão que deseja ser sábio (Tg 3:13-18).
A
Bíblia destaca a vida prática de Abraão, Moisés (Números
12:3) e
Estevão, como exemplos de mansidão e, sobre todos, exalta o próprio exemplo de
Jesus, que sempre teve a mansidão como a marca do seu caráter (Mt 11:28-30).
A
mansidão nos livra da hipocrisia e nos capacita para aguardarmos a volta de
Jesus como vitoriosos (Sofonias 2:3). A
violência desperta o revide, contudo, a mansidão desvia a fúria (a violência). Por
meio da violência os resultados são ínfimos e duvidosos. Fale e aja com
mansidão, certamente os resultados serão maiores, melhores e abençoados. ‘Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos’ (Zacarias 4:6).
Rev. Marcos
Serjo
Pastor Sênior da
IPB Central de Cuiabá
O Poder da Paciência na Formação do Caráter
“Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador
aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as
últimas chuvas.Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a
vinda do Senhor está próxima (Tiago 5:7-8).
Atribui-se à Margaret
Thatcher, a “Dama de Ferro” (primeira-ministra do Reino Unido de 1979-1990) a
seguinte frase: “Eu sou extremamente paciente contanto que consiga o que quero
no final”. Algumas pessoas, comumente, oram a Deus assim: “Senhor, dá-me paciência, e eu a quero AGORA!”
Nas
últimas décadas temos vivido a cultura do imediatismo. As pessoas, cada vez mais impacientes, tentam resolver seus problemas em
questão de minutos, como se não houvesse amanhã.Muitos lidam com as suas
necessidades como se fossem para ontem e, pressionados pela tirania do tempo, vivem como se sempre estivessem‘apagando incêndio’. A maioria busca
resultados pragmáticos. Para muitos, algumas semanas ou meses, podem parecer
uma eternidade. Jovens desistem no primeiro ano da faculdade, porque o
curso tem 8 semestres de duração. Outros entram numa academia e em uma semana
querem ficar com corpos esculturais, “sarados”.
Visivelmente, vivemos em uma época na qual a paciência
já não mais é vista como uma virtude que devemos cultivar, a maioria quer satisfazer
seus egos de forma imediata e a todo custo.
As pessoas, geralmente, se esquecem
de que as vitórias e os objetivos somente são alcançados após muito trabalho,
dedicação e tempo, e que,uma boa dose de paciência será necessária para que as
coisas realmente aconteçam. A paciência é um elemento fundamental para a vida
cristã, consequentemente, indispensável para o caráter cristão. Trata-se de uma
virtude imprescindível para os
dias atuais, principalmente, face ao
corre-corre cotidiano.
Normalmente,
quando tudo está bem e do jeito que queremos, é fácil demonstrar paciência. O
verdadeiro teste de paciência aparece quando nossos direitos são violados ou em
meio às adversidades. Nesses momentos, a impaciência é quase como uma “ira justa”
(“santa”). A Bíblia, no entanto, fala da paciência como um fruto do Espírito
Santo (Gálatas 5:22), o qual deve ser produzido por todos os cristãos (1ª
Tessalonicenses 5:14).
A
verdadeira paciência revela a nossa fé no fato de que Deus sabe qual o melhor
tempo para tudo em nossa vida e, que Ele é onipotente e Pai amoroso.
A
Bíblia deixa claro que a paciência é o oxigênio que nutre o amor, a fé e a
esperança, visto que os três devem ser pacientes. Assim sendo, sem a paciência,
as três maiores virtudes não terão significação real. Por isso, a paciência não
é uma opção para o verdadeiro cristão, e sim, uma expressão do seu caráter!
Muitas
pessoas consideram a paciência como uma espera passiva, geralmente, relacionada
com inércia, moleza, cansaço ou falta de expediente, contudo, a maioria das
palavras gregas traduzidas como “paciência”, no Novo Testamento, são palavras
ativas, ricas e saudáveis e, basicamente significam: “estabilidade; constância; tolerância; espera por alguém ou algo
lealmente; persistência; permanência num estado ou numa atividade mesmo em caso
de oposição; lealdade à fé e piedade, mesmo diante das maiores provações e
sofrimentos; não perder o ânimo;longanimidade; resistência; suportar as ofensas
e injúrias de outros”.
Resumidamente,
as palavras traduzidas por paciência, aparecem em quatro contextos bíblicos com
os seguintes significados:
PERSEVERAR - No ensino
escatológico de Jesus o termo aparece como parte integrante da salvação:
"Aquele que perseverar (“hypomeno”)
até o fim será salvo"( Mt 24:13 e Mc13:13). No texto de Lucas, Jesus diz: "É na
vossa perseverança (“hypomone”) que
ganhareis as vossas almas" (Lc21:19 ). O contexto é o discurso
escatológico de Jesus, no qual os discípulos foram advertidos sobre as
numerosas provocações, inclusive, sobre as reais probabilidades de serem
odiados por todos por causa do nome d’Ele (Mt 24:9; Lc21:17). A severidade da situação
exige perseverança!
Ainda em Mt24, na visão de Jesus, com a
proximidade do fim, muitos se escandalizarão, trairão e odiarão uns aos outros,
serão desviados por falsos profetas e, por causa da proliferação da
maldade, "o amor se esfriará de quase todos". Nesta
época, quem não tiver paciência não resistirá!
ESPERAR - No contexto
de Rm8, a palavra se caracteriza pela atitude de aguardar (esperar) com
paciência aquilo que não vemos. 24 “Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é
esperança; pois o que alguém vê, como o espera? 25 Mas,
se esperamos o que não vemos, com paciência
o aguardamos” (Rm 8:24-25).
SUPORTAR - Uma outra
característica da palavra é o ato de suportar. 1ªCoríntios13:4,7 "O amor é paciente
[...] tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”(“hypomeno”).
“Pelo contrário, em tudo mostramos que somos servos de Deus, suportando
com muita paciência as aflições, os
sofrimentos e as dificuldades”(2ªCo 6:4 BNLH – leia até o verso 10).À luz dos ensinamentos
do apóstolo Paulo, quem tem paciência consegue TRANSFORMAR O PRÓPRIO SOFRIMENTO
EM BEM (Rm5:1-4).
LONGANIMIDADE – (bondade,
generosidade) - No contexto da
parábola do credor incompassivo (Mt 18:23-35), a palavra aparece no sentido de longanimidade:
“Sê paciente comigo, e tudo te pagarei”.
Paciência
é a virtude que dá sustentação à fé, esperança e o amor na formação do caráter
cristão. É uma das qualidades que Paulo pede em oração, especialmente para os
cristãos colossenses:“sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a
força da sua glória, em toda a perseverança
e longanimidade; com alegria,dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à
parte que vos cabe da herança dos santos na luz” (Cl 1:11-12).
“Descansa no Senhor e espera nele, visto que, o
Senhor é bom para com os que esperam por Ele” (Sl 37:7 e Lamentações 3:25).
Lembre-se:
a paciência revela o caráter cristão!
Rev. Marcos
Serjo
Pastor Sênior da
IPB Central de Cuiabá
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