quinta-feira, 10 de novembro de 2011

MANSIDÃO: A MARCA DE UM CARÁTER MOLDADO PELO ESPÍRITO SANTO!


Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras” (Tiago 3:13).


            Não é demais reafirmar que o caráter cristão é formado pelo desenvolvimento das virtudes cristas.
            A virtude que estudaremos hoje, indispensável para a formação do caráter cristão é MANSIDÃO, do grego “πραυτης” – “prautes” (bondade de espírito – brandura - manso), a oitava característica do fruto do Espírito Santo e a terceira bem-aventurança (Gl5:23; Mt 5:3).
            Assim como a paciência e o domínio próprio, a mansidão é uma virtude escassa em nossos dias, contudo, extremamente necessária.
            No pensamento e na linguagem modernos, a mansidão não é uma qualidade admirável. Hoje em dia, a palavra contém uma ideia de falta de dinâmica e ânimo, ou falta de força e virilidade.  Comumente achamos que manso é aquele indivíduo que tem "sangue de barata". Realmente a nossa língua e cultura empobrecem demasiadamente a palavra grega traduzida por mansidão. No Novo Testamento, ao contrário de inércia, fraqueza, covardia ou medo; a palavra grega prautes” fala do poder de abrandar, acalmar e tranquilizar. Fala da virtude que é "o unguento que pode aliviar a dor de uma ferida", da suavidade da voz daquele que ama.
            Na realidade é uma palavra difícil de definir, porque não há de fato uma palavra em nossa língua que corresponda ao vocábulo grego. O Dicionário Colegial de Webster dá um significado mais antigo de brandura como "suportando a ferida com paciência e sem ressentimento". Talvez não seja um significado muito longe da palavra Bíblica, mas o grego é muito mais positivo.
            Na Bíblia, a palavra mansidão aparece com os seguintes significados, dentre outros: Brandura (Gl6:1); Cortesia – atencioso (Tt3:2); Amável  (Ef4:2); Discreto – não faz alarde (Tg 3:13); Bondade (1ªCo4:21); Modéstia  (1ªTm 3:2) e, nas versões inglesas, ainda aparece com o sentido de humildade de sabedoria e espírito terno que perdoa (ternura).
            Podemos dizer que a mansidão é o marketing do Testemunho Cristão, é o cartão de visitas do crente, é a virtude de frente. Se é verdadeiro o adágio que diz "que a primeira impressão é a que fica", sem dúvidas, a mansidão é a virtude responsável pela primeira impressão. Esta virtude traduz um milagre de Deus, onde Ele concilia força e delicadeza, força e suavidade.
            Os grandes sábios da antiguidade exaltaram demasiadamente esta virtude. Nos escritos de Platão e Aristóteles ela é citada como a arma dos verdadeiros sábios e poderosos. Platão chega compará-la a um cão de guarda que revela ferocidade e hostilidade valente aos estranhos e amizade gentil para com os de casa, aos quais conhece e ama. Segundo Platão, "manso é aquele que tem ao mesmo tempo impetuosidade e delicadeza nos mais altos graus".    Para Aristóteles, mansidão ("prautes") é a “capacidade para suportar recriminações e ofender com moderação, sem embarcar em vinganças rapidamente, e não ser provocado facilmente à irritação, mas estar livre de amargura e de contenção, tendo tranquilidade e estabilidade no espírito" (Sobre Virtudes e Vícios). Isto não implica que nunca há um lugar para a irritação no homem gentil. Certamente a pessoa que mostra "prautes" se zanga "pelo motivo correto, e contra as pessoas corretas, e da maneira correta, e no momento correto, e pelo tempo correto" (Aristóteles, Ética a Nicómaco)
            Paulo, em particular, exortava todos os cristãos a demonstrarem esta qualidade em suas vidas. Para ele, a mansidão é um sinal de maturidade para todos os cristãos em todos os seus relacionamentos (Cl3:12;Ef 4:1-4; 1ªTm 6:11).
            Segundo Calvino, “há muitos que mantêm certa aparência de mansidão e de modéstia, enquanto não são contrariados por coisa alguma. Mas, poucos são os que continuam a mostrar brandura e modéstia quando provocados e irritados. Tenha-se por certo que ninguém, jamais chegará por outro caminho à verdadeira mansidão, a não ser dispondo-se de coração a rebaixar-se a si mesmo e a exaltar os outros. Será inútil ensinar a mansidão, a menos que tenhamos iniciado com humildade”.
            A mansidão não é uma qualidade natural (inata), nem uma disposição que herdamos dos nossos pais. Na verdade, o contrário é inato, ou seja, a rebelião. Mansidão só nos vem como resultado da operação do Espírito Santo em nós. Richard Baxter (1615- 1691, líder puritano inglês) definiu mansidão como “força sob controle”. Mansidão é compatível com força de caráter!
            À luz dos ensinamentos Bíblicos podemos dizer que a mansidão é: essencial ao ensino–(2ªTm2:25); necessária para o aprendizado (Sl25:9); característica dos eleitos(Cl 3:12); preciosa diante de Deus(1ªPe 3:4); indispensável para o testemunho cristão(1ªPe 3:15); o segredo da conquista e do poder (Sl 149:4 e Mt 5:5); necessária para o cristão que deseja ser sábio (Tg 3:13-18).
            A Bíblia destaca a vida prática de Abraão, Moisés (Números 12:3) e Estevão, como exemplos de mansidão e, sobre todos, exalta o próprio exemplo de Jesus, que sempre teve a mansidão como a marca do seu caráter (Mt 11:28-30).
            A mansidão nos livra da hipocrisia e nos capacita para aguardarmos a volta de Jesus como vitoriosos (Sofonias 2:3). A violência desperta o revide, contudo, a mansidão desvia a fúria (a violência). Por meio da violência os resultados são ínfimos e duvidosos. Fale e aja com mansidão, certamente os resultados serão maiores, melhores e abençoados. ‘Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos’ (Zacarias 4:6).

Rev. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá

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