quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Bondade: A Pérola do Caráter Cristão!


Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz(porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade),provando sempre o que é agradável ao Senhor” (Efésios 5:8-10).

                Encerrando a nossa série de pastorais sobre as bases estruturais do caráter cristão, nesta oportunidade, estudaremos sobre a virtude da bondade.
                Não há dúvidas de que uma das principais deficiências da atual Igreja Evangélica Brasileira é a falta de vida cristã prática lastreada em um sólido caráter cristão. Para o nosso corar de vergonha (Dn 9:7), de forma geral, a Igreja tem vivenciado uma verdadeira crise existencial, por conseguinte, tem estado mergulhada em uma crise de identidade. E, como temos visto ao longo dos últimos estudos, o problema está no caráter. O caráter de Cristo não tem sido formado no caráter dos crentes e estes estão cada vez menos parecidos com Cristo.
                Já vimos que a obediência, a fé, a paciência, o domínio próprio e a mansidão formam as bases do verdadeiro caráter cristão. Destaco, porém, nesta oportunidade, que a bondade é o que podemos denominar de “a cereja do bolo” do caráter cristão, ou seja, a pérola que dá brilho à vida prática do crente.
                Os crentes foram chamados para o trabalho cristão (1ªPe 2:9; 1ªCor.9:16) e esse trabalho precisa refletir o caráter de Deus (Mt 5:16). O caráter de Deus é absolutamente marcado pela bondade, benignidade, mansidão e misericórdia. Por conseguinte, em tudo e, em todo o tempo, o crente deve portar-se bondoso e benigno.
                Essencialmente, bondade é um dos atributos morais e comunicáveis de Deus, faz parte do Seu ser, da Sua essência. Deus é bom (Sl 118:1; Mc 10:18), todos os Seus atos são bons, bem como, todas as Suas obras (Gn 1:31). Em ralação ao homem, a bondade se manifesta como uma das características do fruto do Espírito Santo (Gl5:22-23), portanto, como marca de quem nasceu de novo.
                Quem nasceu de novo tem o Espírito Santo, a sua vida é vivida no Espírito e, desta forma, aqueles que vivem pelo (e no) Espírito devem encher a terra de bondade, de modo que o mundo veja a bondade de Deus em todas as suas ações.
                Embora seja a pérola do caráter cristão, entender e viver o atributo da bondade não é tarefa fácil. O homem nascido em pecado é mau por natureza (Gn 6:5; Sl 51:5; Mc 7:21), daí a necessidade da intervenção do Espírito Santo, gerando e fazendo abundar no crente o Seu fruto.“Mas o fruto do Espírito é: [...] benignidade, bondade”.
                O apóstolo Paulo apresenta dois sinônimos para essa característica do fruto do Espírito Santo, que guardam relação muito próxima entre si. Conquanto todas sejam produções do Espírito em nós e por nosso intermédio, são expressões com sentidos complementares, entretanto, distintos. São elas: benignidade e bondade.
                A benignidade (χρηστοτης” – “chrestotes” - “bondade, oposto da irritabilidade que gera aspereza”), tem relação com brandura, suavidade, carinho, com gentileza. Paulo se mostrou gentil para com os tessalonicenses e recomendou a mesma atitude ao seu filho na fé, Timóteo (1Ts 2:7-8; 2Tm 2: 24). Este aspecto da bondade tem a ver, portanto, com empatia e simpatia. 
                A bondade (“αγαθωσυνη” – “agathosune”- “integridade ou retidão de coração e vida, o oposto de malícia”), é uma virtude interior que inunda todas as ações do crente, trata-se da capacidade de fazer o bem com pureza na essência. Este aspecto pode ser muito bem exemplificado pela vida e testemunho de dois “Josés”, o filho de Jacó e o esposo de Maria, a mãe de Jesus. O primeiro foi essencialmente bom para com os seus irmãos (sua família) que tantos males lhe causaram (Gn 41:51; 45:1-28). O segundo, mesmo podendo agir com justiça e denunciar sua esposa, não o fêz, para não difamá-la (Mt 1:19).  Escrevendo aos gálatas, Paulo os incentiva a praticarem o bem (Gl 6:10). No geral, esse termo tem o sentido de ação generosa, liberal, grandiosa e cuidadosa, sempre de maneira altruísta.
                É essa bondade magnânima que dá brilho e beleza à vida cristã, por isso, não existe a possibilidade de um cristão verdadeiro não ser bom. A bondade gerada no coração do cristão pelo Espírito Santo produz um comportamento magnanimamente virtuoso. O filho de Deus recebeu, através do Espírito Santo, um novo coração (Hb8:10), por isso, é chamado para expressar a bondade de Deus, seu pai, à todos e em todos os seus atos (1ªTs 1:11).
                Para produzir abundantemente o fruto da “bondade magnânima”, o princípio Bíblico apresentado pelo apóstolo Paulo é o do despojamento e revestimento (Cl 3:5-11). O cristão precisa, dia a dia, identificar os comportamentos, atitudes e pensamentos que não agradam a Deus e se livrar deles e, concomitantemente, buscar genuinamente o fruto/obras do Espírito Santo (1ª Pedro 2:2).
                O crente faz isso através da renovação da sua mente (Rm 12:2), reconhecendo que Deus é bom, que a Sua bondade o alcançou (Sl 23 e Lm3:22)  e que é seu compromisso revelar o caráter de Deus em todas as suas ações. Assim, e somente assim, o crente pode ter excelência de caráter e ser bondoso. Enchamos a terra de bondade! Mudemos a realidade presente! Sejamos diferentes!

Rev. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá

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