22 “Tornai-vos, pois,
praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
23 Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante,
assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural;
24 pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se
esquece de como era a sua aparência. 25 Mas aquele que
considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera,
não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado
no que realizar” (Tiago 1:22-25).
Nas
próximas seis pastorais, a partir do amor, o fruto do Espírito Santo
(Gl5:22-23), estudaremos as bases estruturais do caráter cristão, a saber: a
obediência, a fé, paciência, a bondade, o domínio próprio e a mansidão.
Convém
notar, porém, que disporei a ordem das virtudes de forma lógica e não
cronológica, conforme os objetivos das pastorais.
Sem
dúvidas, especialmente, nas duas últimas décadas, a Igreja Evangélica
Brasileira, de forma geral, tem vivenciado uma verdadeira crise existencial,
por conseguinte, tem estado mergulhada em uma crise de identidade. Na maioria
dos casos, o maior problema não é saber quem é quem? Mas, saber quem “É”? Se
“É”, de fato! Temos presenciando o que pode ser chamado de “crise do SER” e,
biblicamente, a meu ver, o cerne do problema está no CARÁTER. O caráter de
Cristo não tem sido formado no caráter dos crentes. Os crentes dos nossos dias
estão cada vez menos parecidos com Cristo!
Segundo
John Sttot, renomado teólogo inglês, recém-falecido (27/07/2011), “o poder do
evangelho está na diferença dos crentes”, sendo assim, penso que na essência, o
problema da Igreja contemporânea está no “ser”. Até mesmo porque, a despeito
dos planejamentos, métodos e estratégias (que têm valores intrínsecos), Deus
unge e usa pessoas. A eficiência dos métodos e a notoriedade dos resultados
dependerão dos executores!
Na
realidade todos os crentes foram chamados para o trabalho cristão (1ªPe 2:9;
1ªCor.9:16), contudo, a habilitação para esta obra depende da formação do
caráter. O propósito de Deus é forjar caráter de Cristo em cada cristão,
habilitando-o para toda boa obra (2ªTm 3:17).
O
amor verdadeiro, fundamentado na visão, santidade e propósitos de Deus, que
expurga o fingimento (2ªCo6:6), a hipocrisia (Rm12:9), o egoísmo e a
superficialidade (1ªJo3:18), é a virtude que embasa e completa todas as demais
virtudes que formam o caráter do crente.
Nesse
contexto do amor, a virtude mãe, a obediência surge como a mola mestra para o
desenvolvimento do caráter cristão.
A
santidade começa na mente e se expressa nas ações e isto será impossível se não
houver uma atitude de diligente obediência em todas as áreas da vida.
A
essência do pecado consiste na desobediência do homem à vontade de Deus,
expressa nas Escrituras Sagradas. Segundo o Breve Catecismo, “pecado é qualquer
falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão desta lei”.
Em
contra partida, obediência significa “ouvir a expressão da vontade de Deus,
corresponder a ela e executá-la”. Em outras palavras, obediência tem relação
com retidão e prática.
A
desobediência gera o pecado e leva à morte; a Obediência gera a justiça e leva
à vida eterna (Rm 5:19; Hb5:8).
A
virtude mais elementar para um verdadeiro discípulo é exatamente a
obediência. É condição indispensável
para ser considerado filho de Deus.
A
Bíblia nos apresenta algumas considerações sobre a obediência, senão vejamos:
deve ser de todo o coração (Dt26:16); é o preço para o sucesso (Js1:8; Tg1:25);
é melhor que sacrifício (1ªSm 15:22); garante a entrada no reino de Deus
(Mt7:21); é imperativo da vida cristã (At 5:29); é a chave do conhecimento
espiritual (Jo7:17); garante a benção da comunhão divina (Jo14:23); prova a
filiação divina e garante longevidade (1ªRs 3:14; Jó36:11).
O crente que anda em Obediência,
conhece a Deus e a vontade d’Ele para sua vida, e o seu proceder alegra o
coração de Deus.
Entendo
que a fé, a certeza e a confiança de que precisamos, para em Cristo sermos mais
que vencedores, dependem do nosso caráter bem formado n’Ele.
O
caráter tem relação com o “homem interior”, é o que somos por dentro,
principalmente, quando não tem ninguém por perto e, isto tem relação direta com
a obediência a Deus (Dt10:12-13; 30:15-16). O caráter obediente (bem formado) é
de extrema valia nos momentos difíceis.
“A
obediência é o brilhante na coroa de um caráter verdadeiramente cristão”. “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da
profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo” (Ap
1:3).
Rev. Marcos
Serjo
Pastor Sênior da
IPB Central de Cuiabá
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