“Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao
sanguee estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre
convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem
desmaies quando por ele fores repreendido;porque o Senhor corrige a quem ama e
açoita a todo filho a quem recebe” (Hebreus 12:4-6).
Sabemos que o cuidado amoroso
de Deus, a despeito de inexplicável, é perfeitamente experimentável. Podemos
não saber definir o amor, mas sabemos que o nosso Pai celeste nos ama. Não sabemos explicar o cuidado de
Deus por nós, mas podemos experimentá-lo e, de fato, por experiência pessoal,
sabemos que Ele nunca nos deixará, nem nos abandonará e jamais desistirá de nós,
bem como, que esse cuidado se manifesta de maneira protetoral, provisional e consolativa em nosso favor. Podemos não saber
explicar por que Deus cuida de nós, mas sabemos que Ele cuida e, por
conseguinte, nada nos faltará!
Embora o nosso
ser se recuse a aceitar, sabemos que “muitas
são as aflições do justo”. Impreterivelmente, passaremos por muitas
aflições, provas e tentações, mas o Senhor,o
Deus de toda consolação e nosso Pai de misericórdias, nos confortará e nos
livrará de todas (Salmos 34.19).
Entretanto, o nosso Pai de amor, Pai de misericórdias
e Deus de toda consolação, também é Pai que corrige os
filhos a quem ama.O nosso Pai de amor é Pai zeloso e, por isso, “sempre nos disciplina”.
“Senhor corrige a quem ama
e...”(Hb 12:6).Estudar este assunto é por demais necessário
e importante, visto que os homens têm uma repugnância inata pela disciplina,
certamente, hoje, mais do que nunca. Através dos séculos, os métodos e as
filosofias têm oscilado entre a disciplina dura e opressiva e a permissividade
liberal. É tempo de reconhecermos que ambos os extremos deixam cicatrizes
profundas na vida das pessoas (filhos – vítimas?). O verdadeiro conceito e
sentido da DISCIPLINA têm sido levianamente negligenciados pelas sociedades,
especialmente, quando se trata da “correção que vem do Senhor”. Pelo fato dos
homens não terem um reconhecimento natural da necessidade da disciplina, pelo
contrário, se opõem a ela, perdem o ânimo quando são disciplinados e não
conseguem enxergar os seus benefícios, nem a solicitude de Deus por eles.
No capítulo 12 da carta aos
hebreus, em sua maior parte, o escritor da epístola, dedica-se a corrigir este equívoco.
Ele reconhece que é difícil entender a ligação entre a disciplina e o amor,
contudo tal entendimento se faz necessário para a compreensão correta de como o
Senhor trata os Seus filhos. O escritor deixa claro que a disciplina que tem
sua origem no amor não pode ser vindicativa (vingativa), mas deve sempre ser
benéfica, especialmente, entre pai e filho. O escritor, à luz do Velho
Testamento traz um aspecto e indispensável do amor: “o amor não exclui a correção” – “quem ama não hesita em corrigir”
(Provérbios
3:12; 12:1; 13:24).
Exatamente porque Deus é Pai de
Amor, é que Ele nos disciplina, visto que, quem ama disciplina.
Hebreus 12:4-13 nos ajuda a
entender porque devemos nos submeter à disciplina de Deus, mesmo quando esta é dolorosa.À luz do pensamento do autor da epístola, podemos
destacar as seguintes lições sobre o assunto:o amor não exclui a correção
(“quem ama não hesita em corrigir”);a disciplina é um privilégio e uma
necessidade dos filhos – (a disciplina e a correção são para os filhos e
não para os bastardos [Vs.6-8]. A disciplina é sinal e confirmação da filiação.
A verdadeira filiação envolve responsabilidades, para as quais cada pessoa deve
ser preparada pela disciplina. Os filhos têm que ser treinados, preparados,
aperfeiçoados e equipados, para no tempo certo, assumirem as suas
responsabilidades. Logo, a disciplina é uma necessidade!); a disciplina do
Pai celeste é diferente da disciplina do pai terreno, quanto à sua extensão e
ao seu propósito (a disciplina do pai terreno é breve e para um motivo
inferior. A disciplina do Pai espiritual é eterna e tem um alvo específico:
“Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes
da sua santidade” V. 10);a disciplina de Deus muitas vezes tem um caráter
doloroso, contudo, sempre é proveitosa (por isso, muitas vezes é difícil de
avaliar ou apreciar o propósito da ação disciplinar na hora do impacto, neste
momento, a ideia de alegria é totalmente estranha, mas depois, as coisas se
encaixam em seus devidos lugares e o verdadeiro propósito fica absolutamente claro.
Aquilo que parecia doloroso é temperado pela eficácia do resultado.
Metaforicamente, podemos aplicar o princípio da poda na fruticultura, para
alcançar maior produtividade [Jo 15:1-11]);
“Os açoites de Deus testificam
de Seu amor para conosco, por isso, é vergonhoso reputá-los com desprazer ou
ódio. Não tolerar os castigos de Deus que nos preparam para a salvação é prova
de extrema ingratidão” (Calvino). A disciplina de Deus, que no momento de sua
aplicação pode causar muito sofrimento, não tem nenhuma relação com vingança ou
mero castigo por algum erro cometido, pelo contrário, visa além de corrigir o
faltoso, o seu desenvolvimento, aperfeiçoamento e capacitação e maturidade.
Mesmo os pais com boas intenções
têm dificuldades em saber disciplinar apropriadamente os seus filhos.
Felizmente, o nosso Pai de amor não tem esse problema. Ele sabe, exatamente, o
que fazer para realçar o que há de melhor em Seus filhos e eliminar o que há de
pior (Pv 15:12).
“Deus, porém, nos
disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade”
(Hb 12:10).
Pr. Marcos Serjo
Pastor Sênior da IPB Central de Cuiabá
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